Na forma como Cavaco falou e pelas omissões, sancionou a encenação que o governo tem ensaiado nos últimos tempos. É estranho que o PR não tenha reparado que a questão do consenso divide o PS e a maioria, sendo até imposta pela própria troika; ao falar agora em consenso e nos termos em que falou, Cavaco colocou-se do lado da troika e do governo, insinuando que se não houver consenso haverá segundo resgate, o que é gravíssimo. Uma coisa é considerar que as eleições não são a melhor solução agora, outra é achar que não há nada que justifique eleições.
Falou também de crescimento económico e, mesmo não sendo uma coisa nova no seu discurso, justificou aqui também a encenação do governo ao dizer que há 3 fases e agora sim chegou a do crescimento, quando tudo morreu e a economia está de rastos; não se percebe então porque falou de crescimento e em espiral recessiva há um ano.
Falando de um programa mal desenhado, como se não tivesse havido um governo que participou activamente na política da troika, que foi mais além e que abraçou entusiasticamente o programa da troika, é neste aspecto que o seu discurso surge como um discurso partidário.
Falando de um programa mal desenhado, como se não tivesse havido um governo que participou activamente na política da troika, que foi mais além e que abraçou entusiasticamente o programa da troika, é neste aspecto que o seu discurso surge como um discurso partidário.
Veio dizer uma coisa grave, ao falar da fadiga de austeridade, que os partidos não podem explorar a angústia dos portugueses; pergunta-se porque falar desses problemas é uma exploração, quando essas pessoas têm que ser representadas na AR.
Um dos grandes problemas que existe é que o PS não tem oferecido essas garantias (como o demonstram as sondagens), de que pode fazer uma política diferente do governo.
Esta é uma situação inédita, em que nunca antes se viu um PR a suscitar um coro de críticas tão grande nos partidos da oposição; o PR, enquanto moderador, morreu aqui, não tem espaço de manobra para promover consensos (quanto muito pode fazer um consenso entre Portas e Passos Coelho). Esse consenso vai fazer-nos muita falta e isso é grave.
Estava a ouvir as palavras de AJS e imagina o que vai ser o Congresso do PS. Ficou criada uma situação de crise política em que não há quem possa fazer um papel aglutinador para fazer pontes
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