NUNCA É NINGUÉM - Cândida Almeida, procuradora, a propósito do caso Medina Carreira e da violação do segredo de justiça "recordou que o processo passa pelo MP, pelos funcionários, pelo órgão de polícia criminal, que o executa, pelo juiz e por outros envolvidos. É "muita gente" que a ele tem acesso. "Nós sabemos de onde vêm essas fugas mas não podemos prová-lo". Portanto, sabem que há fuga, quem promove a fuga, só não conseguem provar ...
A procuradora-geral adjunta Cândida Almeida disse na segunda-feira, em
Gaia, ser "um pouco esquizofrénica a ideia de que é o Ministério Público
(MP) que passa a informação", violando assim o segredo de justiça.
"A manutenção do segredo de justiça foi uma exigência, ou uma pressão,
feita pelo Ministério Público na última alteração do Código do Processo
Penal", que prevê "a publicidade do processo", salientou.
"Nós é que dissemos não, isso não pode ser. Sobretudo nas investigações
mais complexas, dá cabo da nossa investigação", argumentou Cândida
Almeida, rejeitando a ideia de que o MP patrocina fugas de informação sobre
casos que os procuradores estão a investigar.
"Os magistrados são pessoas conscientes. Em princípio, não é o MP
responsável por essa violação", insistiu Cândida Almeida.
A procuradora e também directora do Departamento Central de Investigação e
Ação Penal respondeu desse modo a uma questão que lhe foi dirigida no Clube dos
Pensadores, do qual foi a conferencistas convidada.
A questão era sobre a notícia de que haviam sido feitas buscas ao
ex-ministro das Finanças, fiscalista e comentador Medina Carreira, no âmbito da
operação "Monte Branco", relacionada com fraude fiscal e
branqueamento de capitais.
A procuradora recordou que o processo passa pelo MP, pelos funcionários,
pelo órgão de polícia criminal, que o executa, pelo juiz e por outros
envolvidos. É "muita gente" que a ele tem acesso.
"Nós sabemos de onde vêm essas fugas mas não podemos prová-lo",
referiu Cândida Almeida.
As escutas telefónicas são um meio de prova contra o crime organizado e,
segundo Cândida Almeida, mostram quem está "directamente a violar" o
segredo de justiça. "Só que não as podemos utilizar, porque a lei nos
proíbe e nós cumprimos a lei".
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