Sobre Isabel Jonet - O Banco Alimentar tem
obra fundamental no combate à pobreza em Portugal e evitou comentar as
declarações anteriores de Isabel Jonet, embora contivessem já alguns aspectos
que seriam criticáveis.
Estas declarações já são
de outra natureza, de carácter e conteúdo político claro; dá o passo complicado
de dizer que prefere a caridade à solidariedade social, uma comparação que
suscita todas as reservas; o problema está em quando se valoriza a caridade em
relação à solidariedade, estando implícita uma supremacia moral e social, que é
inaceitável, até pela própria Igreja portuguesa que faz uma chamada de atenção
em relação às obrigações do Estado. Significa (essa visão) um enorme retrocesso
em termos sociais; é um discurso político profundamente conservador e que
remete para um mundo muito mais cruel; e é um eco do discurso do poder actual,
utilizando expressões pejorativas como o conceito de "direitos
adquiridos", e da sua legitimação. O discurso político e do poder é
insensível quando fala de pobreza, desvalorizando aspectos subjectivos do
sofrimento, que não é só económico e social, não existindo no discurso do PM
empatia com as pessoas, proximidade com o seu sofrimento.
Isabel Jonet deve estar "choné" a caridade acenta essencialmente no DAR do que lhe pertence, num conceito de selecção serviçal do receptor (Já a Rainha Santa Isabel, que esta só tem o nome) fazia caridade as escondidas do Rei. O enorme trabalho contra a fome desenvolvido pelo Banco Alimentar tem que ser solidariedade porque se trata de REDISTRIBUIR bens a milhares de pessoas, que outros milhares entregaram com esse fim. É importante que quem se disponibiliza para ajudar seja solidário e não se confunda com a visão retrogada de quem tem um papel de coordenadora de uma equipa e não de dona dos bens doados por outros, de forma solidária.
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