domingo, 11 de novembro de 2012

(Opinião- Público) "TALVEZ SEJA A ÚLTIMA CEIA"

Síntese - PASSOS COELHO FALHOU E SABE MUITO BEM QUE ESTÁ SEM SOLUÇÕES Persiste apenas a teimosia e a obsessão intelectual” do ministro das Finanças, uma patologia que a medicina define como “estado do doente cuja consciência está ocupada com uma ideia que não pode expulsar”. Um primeiro-ministro que se deixa aprisionar por uma evidência que corrói o país, as instituições, as famílias e as empresas, incapaz de um sinal de humildade ou de grandeza, transforma-se num irresoluto...Enervou-se ... logo se apressou a dizer que se o PS não queria participar na voragem do estado social então ele, Passos Coelho e os seus apóstolos, tratariam disso sozinhos. Pois então que tratemsozinhos, sem as pessoas, sem o país, sem ninguém. TALVEZ SEJA A ÚLTIMA CEIA”
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"O Conselho de Finanças Públicas, o Conselho Económico e Social, Bruxelas ou a UTAO na AR, acabam de referir ao governo que o OE 2013 é uma missão impossível. Cumulativamente, o INE, o Eurostat ou os números da própria DGO (direção geral do orçamento) traduzem a missão impossível que também foi este OE 2012.
Partidos e comentadores à parte, ainda que como eles, todas as instituições de referência concluem por um denominador comum: o caminho do governo transformou-se num beco sem saída para o país. Em conclusão, Passos Coelho falhou e sabe muito bem que está sem soluções.
Persiste apenas a teimosia e a obsessão intelectual” do ministro das Finanças, uma patologia que a medicina define como “estado do doente cuja consciência está ocupada com uma ideia que não pode expulsar”. Um primeiro-ministro que se deixa aprisionar por uma evidência que corrói o país, as instituições, as famílias e as empresas, incapaz de um sinal de humildade ou de grandeza, transforma-se num irresoluto. 
Posto isto, é mais fácil compreender que o governo tenha, na solidão de uma maioria absoluta, no mais completo segredo, combinado com a Troika, em setembro último, um corte de 4 mil milhões de euros no estado social, travestido de reforma desse estado.
Dispensando os conselhos de Minerva, apressadamente contratou Hermes para levar uma carta ao líder da oposição, mas afixando pelo caminho editais por forma que este soubesse primeiro na “ágora” o que lhe era destinado com falsa reserva. E tudo isto deve ter sido combinado em casa de Dioniso. Só pode!
Espetáculo, pois, foi o que o que o chefe do governo quis dar a um país e a um povo que exigem soluções, o renascer da confiança e um novo encontro com a esperança, uma saída do pesadelo que lhes é comum.
Nada disso foi tido em consideração, pelo que a resposta do líder da oposição, António Seguro, foi clara: não aos cortes no estado social (essa é matéria de clandestinidade, de reserva dos seus autores, Troika e governo) mas sim a um debate que deve ser permanente sobre a reforma do estado e deve envolver todo o país como, aliás, assim disse preferir o Presidente da República.
Neste contexto, o Partido Socialista propôs uma metodologia e um calendário que sintetizo: a AR estabelece protocolos adequados com universidades, estas entregam relatórios analíticos até março que, por sua vez, darão origem a colóquios e conferências em todo o país durante Abril e Maio para, em Junho,os grupos parlamentares assumirem as iniciativas legislativas reformistas. A presidente da AR coordenaria o processo.
O primeiro-ministro enervou-se e, lesto, persuadido pelo seu insólito ministro das finanças, logo se apressou a dizer que se o PS não queria participar na voragem do estado social então ele, Passos Coelho e os seus apóstolos,tratariam disso sozinhos. Pois então que tratemsozinhos, sem as pessoas, sem o país, sem ninguém. Talvez seja a “última ceia”Afinal, só Passos Coelho não quer a reforma do estado".
Público, Domingo, 11-11-2012

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