(Opinião DN) - Síntese - E todos sabemos, apoiantes e críticos, que o governo está em "phasing out". Ninguém tem a certeza de nada a não ser a de querer sair com o menor custo político possível...E cada protagonista carrega os alforges de Júpiter: "No peito, o alforje com os males alheios, e nas costas, o alforje com os próprios males". Desenganem-se, podem fugir à consciência, mas já não escapam ao escrutínio público...Os portugueses não podem mais. Estão a ser violentamente penalizadas nos seus rendimentos e a partir de janeiro serão dizimadas na assunção dos seus compromissos. Dr. Passos Coelho, isto não vai acabar bem!
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João Ferreira do Amaral critica a
diminuição abrasiva dos salários e refere que estão a empurrar o país para o
desastre". Manuela Ferreira Leite é taxativa e afirma que não só o OE é
"inexequível", como sublinha que, com as opções assumidas, a
"redução do défice por via da receita acabou". Bagão Félix, mais
contundente, enfatiza o drama da carga fiscal e conclui que pode originar
"uma septicemia na economia". Em suma, perspetivas diferentes, de
pessoas diferentes, conduzem a um corolário único: o OE 2013 é uma missão
impossível para os portugueses.
E há razões para pensar assim? Sim,
há. E não é apenas a minha opinião. Vítor Gaspar, até hoje, não acertou nenhuma
previsão, alimenta-se de orçamentos retificativos, cada um mais errado do que o
outro, perdeu o pudor e atira-se aos bolsos dos que ainda trabalham, mas também
vai buscar 6% aos desempregados e mais 5% aos que estão doentes. Paga-se por
trabalhar, paga-se por estar desempregado, paga-se por estar doente, paga-se,
enfim, por estar vivo e corta-se 50% no subsídio de funeral se tiver o azar de
morrer.
O ministro das Finanças não ouve
ninguém. Está em roda livre. Vê com enfado os protestos populares e, salvo uma
rara exceção, reina numa coligação de tricas adolescentes que se espelham na
praça pública, e apenas responde aos seus pares de Bruxelas ou não se assuma o
próprio como representante da Troika em Portugal.
Passos Coelho é incapaz de lhe exigir outro
caminho, com receio de uma saída que o deixe mais só na mais que provável renegociação.
Paulo Portas mantém o primeiro-ministro em transe, inquieta-o, provoca-lhe a
dúvida, alimenta-lhe a insegurança, querendo, assim, aligeirar-se de
responsabilidades, uma espécie de "ser e não ser" do governo em tempo
real.
E tudo isto existe, porque o
primeiro-ministro é fraco e, como disse o poeta, faz fraca a forte gente. Não
estava preparado para governar, dizíamos nós e dizem agora os seus pares. E
todos sabemos, apoiantes e críticos, que o governo está em "phasing out".
Ninguém tem a certeza de nada a não ser a de querer sair com o menor custo
político possível. Os portugueses que se "lixem". Daí que a praça
pública esteja plena de farsas e pantominas.
E cada protagonista carrega os
alforges de Júpiter: "No peito, o alforje com os males alheios, e nas
costas, o alforje com os próprios males". Desenganem-se, podem fugir à
consciência, mas já não escapam ao escrutínio público.
Os portugueses não podem mais. Estão a
ser violentamente penalizadas nos seus rendimentos e a partir de janeiro serão
dizimadas na assunção dos seus compromissos. Aqueles que responsavelmente
assumiram a compra de casa, de automóvel, que programaram a educação dos filhos,
que descontaram uma vida para usufruírem das suas reformas, todos eles já estavam
em contenção. A partir de janeiro vão entrar em incumprimento generalizado. Com
este governo o Estado deixou de ser pessoa de bem, leva-nos ao incumprimento. Dr. Passos Coelho, isto não vai acabar bem!
DN
2012-10-23
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