Síntese - LOBO XAVIER - O PM ficou surpreendido com a reacção dos portugueses, no que aparenta ser um dos dados surpreendentes desta crise, não conhecendo o país; é difícil de perceber como se pode imaginar (a medida) num país em que as pessoas têm tido sacrifícios significativos e o governo não atingiu os objectivos a que se propôs; o governo dizer que estava a correr tudo bem um mês antes, revela uma impreparação que aterroriza
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- A partir do momento em que o CDS revelou daquela forma a sua oposição, ou acabava a coligação, ou acabava a TSU, prevalecendo algum bom senso.
- O PM ficou surpreendido com a reacção dos portugueses, no que aparenta ser um dos dados surpreendentes desta crise, não conhecendo o país; é difícil de perceber como se pode imaginar (a medida) num país em que as pessoas têm tido sacrifícios significativos e o governo não atingiu os objectivos a que se propôs; o governo dizer que estava a correr tudo bem um mês antes, revela uma impreparação que aterroriza.
- O problema não foi (o governo) "ter ido além do memorando", foi não ter sido possível cumprir o memorando; esta avaliação esteve longe de ser positiva, pelo que sabemos das pessoas conhecedoras dos "mentideros".
- Qualquer governo razoável ter-se-ia agarrado a algumas coisas que correram bem (equilíbrio da balança comercial, descida dos juros da dívida, concertação social) e anunciado ao país quais eram as medidas seguintes ao chumbo do TC, não foi o que o governo fez.
- Alternativas estruturais, para fazer diferente, infelizmente nunca as vi; do PS só ouviu coisas que nem vale a pena perder tempo (imposto sobre PPP) ou que é preciso reduzir os juros (MJRodrigues), o que não é possível, não havendo outra coisa a fazer que não seja equilibrar as contas.
- Que a despesa ser enfrentada com rigor e critério, é um caminho que não foi bem tentado, isso compreende.
Pacheco Pereira:
- Está convencido de que há muita coisa mais grave na situação económica do que o governo admite e muita coisa nas negociações com a troika que correram mal.
- A TSU não tinha como objectivo combater o défice e não é suposto que seja substituída; governo lidou com a decisão do TC quase com um tom revanchista sobre os FP.
- O governo tem que anunciar várias vagas de austeridade até 2014, sempre sobre as anteriores, e todas as suas previsões falharam, por isso também o discurso sobre 2013 é errado; nos próximos anos vamos andar de vaga de austeridade em vaga de austeridade e apesar do "custe o que custar", ainda vai custar mais do que já custou, e estamos na iminência de um conflito social agravado.
- Não vê como vamos sair disto e isto já mudou de um dia para o outro; estamos num processo de desagregação do discurso do governo, que está numa posição puramente defensiva, com um tempo político do "pântano" e do apodrecimento, não sabendo o que há de fazer.
- Há alternativas, a própria troika, no memorando, tinha previstas medidas que o governo não aplica; o discurso de que não há alternativas coloca no terreno uma coisa a preto e branco (exemplificando que se a TSU não tivesse sido contestada, estava justificada por esse discurso); foi o próprio governo que diminuiu a margem de manobra de alternativa, podia ter tomado medidas mais duras mas com um prazo limite, tinha que ter pensado medidas fiscais tendo em conta a economia e o emprego reais, preservando-os; desde o primeiro minuto prescindiu de usar o poder político para áreas importantes da economia, que quis proteger, e usou-o para os salários e os FP.
- Oposição do PS é uma parte do problema, está na posição de estar sentado em 2 cadeiras ao mesmo tempo.
António Costa:
- Este caminho não nos leva a lado nenhum, sendo a única boa notícia o recuo do governo (na TSU).
- Não acredita que se o PM tivesse percebido o que tinha acabado de anunciar, fosse para um espectáculo cantar, em vez de se recolher em recato.
- Toda a gente tinha necessidade de que as coisas corressem bem (governo, país, oposição, troika), os resultados desmentiram as virtuosidades do programa.
- O consenso nacional e paz social com que o país se empenhava no cumprimento do programa eram muito apreciadas internacionalmente, sendo agora díficil retomar a credibilidade que se esboroou; isto é tanto mais incompreensível quanto o FMI fez uma grande evolução, de que não há consolidação sem crescimento, o BCE mudou de posição e a própria CE vai ter que arrepiar caminho (se Durão Barroso quer ter futuro político em Portugal vai ter que se dissociar das linhas mais radicais); o problema não é a troika, é o nosso governo, que deixou de negociar com a troika e deixou muito claro qual é o seu programa; o problema do governo não é de remodelação, de discurso ou de comunicação, é de programa. A resposta é combater esta política e apresentar uma política alternativa.
- Houve alternativa, que foi a versão inicial do memorando, com várias medidas para o crescimento da economia, como mecanismos de financiamento às empresas; uma das medidas que podiam ter efeito imediato sobre o emprego, era a reabilitação urbana; temos é que criar condições para que as pessoas mais qualificadas tenham emprego e não dizer-lhes para que emigrem.
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