Vivemos tempos de mudança. O modelo económico tradicional esgotou-se. A ideia de um emprego estável para toda a vida é coisa do passado. Nem tão pouco há emprego, nem mesmo a ideia de uma mesma profissão, duradoura. É assim em Portugal e um pouco, cada vez mais, em todo o mundo.
As pessoas deixaram de estar em primeiro lugar. O dinheiro comprou todas as ideologias, da direita, à esquerda, da ditadura à democracia. Basta olhar para a europa em que vivemos e para o país que somos. E se fizermos o mesmo para o oriente, mais ao longe, para a China, por exemplo, constatamos que naquele país comunista circulam os automóveis europeus topo de gama. Vão longe os tempos da ditadura do proletariado. Quem não se lembra de “um país, dois sistemas”, da ideia que vestiu a passagem da British Hong Kong para a China?
Portugal é um país periférico, sem estrutura produtiva própria, habituado a viver das especiarias vindas do oriente, das oportunidades circunstanciais do “império colonial” e, agora, dos dinheiros de Bruxelas, uma espécie de “ouro fácil”!
Pagaram-nos tudo, mesmo para deixar de pescar, de agricultar, de trabalhar, enfim, de produzir e transformar! Chegou a hora da verdade e só poderemos ganhar sentido e esperança no futuro se ousarmos ser diferentes.
Educação, formação permanente ao longo da vida, valorização dos recursos humanos inovação, tecnologia, novos produtos e novos mercados, redescoberta dos nossos territórios, reeleição das pessoas como preocupação primeira, qualificação das suas vidas, solidariedade e empenho, são apostas e valores para um novo caminho.
É assim que poderemos chegar ao nosso concelho, vê-lo com outro olhar, dar-lhe mais vida, criando melhores oportunidades. Se queremos que as novas gerações permaneçam é necessário lançarmos novos horizontes e criar um novo modelo económico.
Os serviços, os do Estado, só por si, são realidades que se esgotam na banda larga, nas soluções on-line, na simplificação administrativa, nas estradas virtuais, no “touch” de um qualquer “tablet”.
São necessários outros pressupostos para economia. O comércio de proximidade tem que ser reinventado, há uma estrutura produtiva concelhia que tem de ser afirmada, há um “pensar conjuntamente” com outros concelhos e regiões que deve ser dinamizado, há um planeamento supraterritorial que se ergue como vital.
Precisamos, pois, de novas políticas. Viseu é uma cidade de que todos gostamos, é bonita, verde, transformou-se muito ao longo dos anos, cresceu, mas agora precisa de se desenvolver. É fundamental diversificar a sua oferta, potenciar os seus recursos, redescobrir-se, afirmar-se e caminhar da centralidade geográfica para a centralidade económica.
Acredito que o novo ciclo autárquico que aí vem ajudará a fazer a diferença. Se Viseu encontrar novas lideranças vai conhecer outros caminhos e novas oportunidades. Acredito que possa ser assim, se nos esforçarmos para sermos melhores cidadãos, se aceitarmos o desafio responsável de participar em novas escolhas. Então sim, acontecerá uma dinâmica intergeracional onde as melhores ideias se vão articular com as novas ideias. E para isso não é necessário dizer mal do trabalho dos outros. Será suficiente conseguir fazer melhor!
Raul Bordalo Junqueiro
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