sexta-feira, 16 de março de 2012

A MINHA OPINIÃO - SOL - "NÃO NOS DEIXAREMOS CONTAMINAR"

A sociedade portuguesa vive em ambiente muito tenso, pleno de incertezas. As pessoas querem respostas e dispensam polémicas. Verdadeiramente, o que mais desejam é voltar a sentir confiança e esperança nas suas vidas. Quem, como eu, partilha com os outros uma parte do seu tempo sente isso facilmente, na rua.

Perder o emprego, ficar sem dinheiro, não poder responder aos compromissos assumidos, retirar os filhos da escola, ter de emigrar, ou ver amputadas as magras reformas ou pensões, são exemplos de dramas pessoais, familiares, cada vez mais intensos e que atingem cada vez mais famílias. Ignorar isto é não perceber nada do que se está a passar.

Neste contexto, os responsáveis políticos são convocados a ousarem ser diferentes e distinguir entre o essencial e o acessório. Talvez por isso, no tal prefácio, no manifesto anti Sócrates, as últimas palavras do Presidente da Republica tivessem caído tão mal na opinião pública, por inoportunas e a destempo!

Todos não somos demais. O desafio é conseguir mobilizar e não desmoralizar, unir e não dividir. Criticar, ainda no exercício de funções, um ex-primeiro ministro, transitado em julgado, é acessório e excessivo. Isso qualquer um é capaz de fazer. No entanto, recriar e valorizar a autoestima na sociedade portuguesa é tarefa apenas para alguns, os mais capazes, os que significam a diferença.

O Chefe de Estado está no topo da lista dos escolhidos. Foi eleito diretamente. Espera-se dele o melhor, a capacidade de ultrapassar conflitos, de acrescentar capacidades, de estimular o dialogo, de diluir a crispação e promover o entendimento possível. O contrário de tudo isto é a desilusão, é a ideia de uma esperança traída, de uma deslealdade para quem genuinamente lhe entregou um voto de confiança.

Entende-se ainda menos que, no dia seguinte, no aniversário do navio-escola Sagres, o Chefe de Estado tivesse tentado a explicação do inexplicável, reerguendo a polémica! Os portugueses não precisam disso. Querem emprego, querem apenas trabalhar!

Imaginemos, por um segundo, que ao Chefe de Estado lhe passaríamos a lembrar o passado, também como ex-primeiro ministro que já transitou em julgado. Por exemplo, como é que Cavaco Silva, com maioria absoluta, deixou o país em 1994? Assim: o PIB apresentou o valor mais baixo de todos os países da UE a 15, o emprego a maior queda e a produtividade foi a mais baixa (-1,4%); o défice foi de 7,1% do PIB, a dívida cresceu 215%, mais que triplicou, e a taxa de desemprego ficou em de 6,8%.

Foi assim que terminou a legislatura do "pai do monstro", no dizer de Miguel Cadilhe, com uma crise, essa sim, genuinamente portuguesa, construída pelas mãos do sábio professor de economia!

Poderia ir mais longe, lembrando o que está mais perto: não quero falar do BPN, mas na "inventona" das escutas, da defesa, há um ano, das agências de rating contra Portugal, da fuga aos jovens de uma escola que, igualmente há um ano, convidara ao exercício da indignação, da afirmação "piegas" de não ganhar o suficiente para as despesas ou do papel que quis assumir, o do único português que ficou surpreendido com os 14% de taxa de desemprego. Caso para perguntar: este governo não o informou, também foi desleal? Será por isso que em alguns momentos lhe faltou, igualmente, com a solidariedade que lhe é devida?

Não, o Presidente, não tem estado bem. Há falta de grandeza. O sentido de responsabilidade soçobrou à iniquidade de um sentimento dispensável, indevido a quem desempenha tão elevadas funções, sempre com claro prejuízo para o país e para a verdade! E agora insiste, dizendo: “leiam bem, leiam tudo, não se deixem contaminar ….”, mas por quem, pergunto eu? Pois, pode ficar descansado. O PS, por inteiro, já lhe respondeu: não nos deixaremos contaminar!


Lisboa, 2012.03.12 - José Junqueiro - (vice-presidente do GP PS)

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