Álvaro na mira do PSD - Helena Pereira*
Tiro ao Álvaro. Na semana que antecede as ‘directas’, em que Pedro Passos Coelho vai ser reeleito líder do PSD, a preocupação do partido chama-se Álvaro Santos Pereira e a actuação do Ministério da Economia.
O PSD aproveitou a reunião do Conselho Nacional, no sábado passado, para bombardear o líder e primeiro-ministro com queixas: TGV, privatização da ANA, portos, crédito às empresas, desemprego. Tudo matérias do ministério da Economia, que ainda anteontem viu, em Conselho de Ministros, lhe ser retirada a coordenação dos fundos do QREN.
O esvaziamento gradual do Ministério da Economia é público: António Borges vai agarrar o dossiê das privatizações, PPP e sector empresarial do Estado, Miguel Relvas, o emprego jovem, Paulo Portas, o investimento externo, enquanto Pais Antunes apareceu como bombeiro de serviço para ajudar o ministro na concertação social.
Na reunião, Passos Coelho fugiu às questões sobre o Ministério da Economia. Não explicou, por exemplo, por que razão as administrações dos portos estão em gestão corrente há meses, para quando a anunciada holding, se o Porto de Leixões vai ficar de fora, como os autarcas do Norte pedem. Não esclareceu como vai ser feita a privatização da ANA, se engloba Portela+1 ou não (o eventual novo aeroporto low cost que pode ser ou no Montijo ou em Sintra) ou se o aeroporto Sá Carneiro ficará de fora do pacote. Quanto ao TGV, também passou ao lado. Isto, depois de ainda recentemente o ministro dos Assuntos Parlamentares ter assumido ao diário espanhol ABC que o Governo português só tem dinheiro para «uma linha de mercadorias forte que una Sines à Europa». A maior parte destas perguntas partiu do ex-deputado Luís Rodrigues, que na Assembleia tinha a pasta das Obras Públicas.
Outra questão que está a preocupar o PSD são as dificuldades de financiamento das empresas. Castro Almeida, autarca de S. João da Madeira, deu exemplo de empresas viáveis que se debatem com falta de financiamento para as suas exportações.
Mas Santos Pereira não foi o único alvo da reunião. Um dos momentos mais agitados envolveu o autarca das Caldas da Rainha, Fernando Costa, que criticou a reforma do mapa judiciário, que acaba no seu distrito com três tribunais. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, não foi mesmo ao púlpito explicar que «todos os casos seriam analisados com cuidado».
Costa alertou também para o aumento brutal do IMI, que «vai trazer uma factura incomportável para os proprietários».
Na sexta-feira à noite da semana passada, num jantar com os líderes distritais, Passos já tinha ouvido críticas à desarticulação do Governo, nomeadamente, por causa do encerramento de serviços públicos, que vão sendo anunciados a conta-gotas e por sector, sem que haja uma perspectiva global. «Tem que haver equilíbrios regionais», «deve dividir-se o mal pelas aldeias», resumiram ao SOL dirigentes partidários.
Relvas reforçado?
A eleição directa do líder decorre hoje num ambiente interno de pouca mobilização. Passos fez raras incursões pelo partido e, por isso, nomeou todos os líderes distritais e regionais (incluindo Alberto João Jardim) como seus mandatários.
«As pessoas estão mais preocupadas com o país do que discutir questões de liderança», afirmou ao SOL um conselheiro nacional, acrescentando que «os candidatos que estavam contra o líder do partido estão agora a trabalhar activamente ao lado dele», referindo-se a Aguiar Branco e Paulo Rangel.
No entanto, o partido já discute nomes para a futura direcção que será eleita no Congresso de Março. A hipótese de Miguel Relvas regressar, para o lugar de primeiro vice-presidente é a que mais corre no aparelho. Assim como a de Teresa Leal Coelho ser chamada à direcção.
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