UMA QUESTÃO DE FÉ |
O desemprego, segundo o INE, caiu 0,3% durante o 2º trimestre deste ano. Explica-se o resultado pelo bom desempenho nas exportações, facto que levou a uma prestação da economia para além do esperado. A própria RTP encerra o 1º semestre com um lucro de 24 M €. Boas notícias, portanto.
O nosso desejo é o de que as coisas possam continuar assim, mas tal não será possível se a projecção do Governo se vier a confirmar: um crescimento negativo de -2%.
Não é de estranhar que tal possa ocorrer, porque as medidas que têm sido assumidas impõem cortes drásticos sobre os rendimentos do trabalho e oneram os salários com um aumento generalizado dos preços, tal como constatámos nos transportes, gás ou electricidade.
As empresas estão com acesso difícil ao crédito, as obras públicas pararam e não há uma orientação ou estratégia na nossa economia. Precisávamos urgentemente de estímulos para promover o investimento, gerar valor acrescentado e postos de trabalho, mas não tem sido essa a preocupação deste Governo.
Compreendendo as dificuldades, assegurando solidariamente a materialização dos compromissos no memorando assinado com a Troika, não poderemos, no entanto, deixar de constatar que antes da crise política iniciada pelo Presidente da República estávamos melhor e agora estamos muito pior.
Sim, contrariamente ao que o PSD e CDS publicitaram, os juros a 10 anos passaram de 7% para cerca de 12%. Afinal, com a direita, Portugal não ganhou em credibilidade, conforme sugeria o PSD, nos "idos" de Março, quando decidiu derrubar um Governo com apenas 18 meses de exercício.
Ainda me lembro que o desacordo esteve num tal PEC IV por exigir "demasiados sacrifícios" e isso tinha um "limite" como dizia, então, o Presidente da República. Pois, agora temos o que temos: uma situação pior e as conhecidas figuras públicas a "desdizerem" de tudo quanto disseram!
Voltando ao tema. Sendo necessário pagar o empréstimo contraído é fundamental pensar que precisamos de o honrar, o que só acontecerá se tivermos uma economia a crescer. Ora, não cortando do lado da despesa, a sério, conforme o prometido pelo PSD/CDS, e canalizando tudo para o lado da receita que vem dos impostos directos e indirectos, os mais elevados de sempre, estaremos a fazer tudo ao contrário.
Basta olhar para o comércio de proximidade para percebermos o que significa o "encerramento em série" de estabelecimentos comerciais. Baixou ainda mais o poder de compra, tal como a confiança, e as pessoas não compram, nem há encomendas à indústria.
De facto há "limites" para tudo! É que "com gravata ou sem ela" - e já só usava quem queria - podemos mudar o "estilo", mas não se mudou a essência das coisas. No entanto, tenhamos fé e façamos "figas" até à apresentação das Grandes Opções do Plano e do Orçamento.
DB 2011.08.18
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