quarta-feira, 27 de julho de 2011

Uma Maioria, um Governo e um Presidente que têm falhado!

Uma missão técnica da Comissão e BCE esteve em Lisboa entre Fevereiro e Março para analisar com detalhe as contas públicas e algumas semanas depois nova missão, com mais de 30 técnicos, desta feita com o FMI, voltou a escrutinar com rigor acrescido as nossas finanças.

A Comissão “estranha”, portanto, o “colossal desvio” que o Primeiro Ministro diz, agora, existir, de modo inesperado, o qual justifica, com esse argumento, o aumento brutal da austeridade sobre os orçamentos familiares e o constrangimento acrescido no tecido económico e empresarial.

A Comissão desvaloriza o argumento do Governo e diz que vai concentrar-se no êxito ou não da execução orçamental e deverá ter tomado boa nota da “colossal” diferença entre o que disse o Primeiro Ministro e o seu Ministro das Finanças.

Fala Pedro Passos Coelho em cerca de dois mil milhões a mais, mas não justifica a sua origem, nem quantifica o “cerca”, esse arredondamento! Vale a pena lembrar que desvio nas contas encontrou o Governo do PS e, por exemplo, só na Saúde foi de mil e quinhentos milhões de euros. Não foi por isso que o défice não deixou de baixar para menos de 3% e sem estas medidas brutais agora impostas a todos nós.

Uma coisa é respeitar os objectivos do memorando, uma outra bem diferente é o caminho assumido para lá chegar; e outra bem distinta, também, é, “preventivamente”, “aditivar” mais austeridade à austeridade.

Hoje foram os transportes públicos, em média mais 15%, e que representam o anunciado pelo actual ministro da economia há dois meses, no seu “blog”, e não o “caminho” escrito no memorando; amanhã será o IVA e outra desculpa e assim sucessivamente.

Desnorte inicial é o que eu vejo neste frenesim mediático do Governo e lamento que assim seja, porque se as coisas não correrem bem serão nefastas para todos nós. Exige-se, assim, mais e melhor coordenação no Governo, menos palavras e mais resultados, bons de preferência. É isso que as pessoas querem: resultados, a resolução dos problemas.

Todos estão dispostos a fazer sacrifícios, mas todos, sem isenção de dividendos ou outras mais-valias para uma pequeníssima parte, deixando o “outro país” a pagar tudo. Temos, no entanto, de sentir, como diz o Governo, de que valem a pena.

E não estamos a sentir. A direita tem uma Maioria, um Governo e um Presidente, mas não tem desculpa se falhar. E tem falhado!

Diário as Beiras 2011-07-21

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