Os tempos estão difíceis!
O General Eanes, Presidente da Comissão de Honra de Cavaco Silva, reconhece isso mesmo. Fala numa "crise internacional" que o Presidente da Republica "omitiu" na sua tomada de posse; e diz que se há "uma década perdida" "não pode ser imputada ao Governo, ou exclusivamente a este, essa responsabilidade… seria "injusto".
Este olhar cruza-se com o de Cavaco Silva, mas não se tocam, e segue num outro sentido, o do país. O Chefe de Estado está refém do seu azedume e não consegue dilucidar entre esse estado de alma e o interesse geral, não está capaz de separar a realidade da “sua” verdade.
Este contexto de partida para um novo mandato não é lá grande augúrio. Adensou o problema, não fez a pedagogia da verdade, nem muito menos da solução. Foi uma escolha, embora não seja uma escolha qualquer. E, portanto, é o que temos e foi aquilo com que ficámos.
A oposição, em geral, aproveitou o ensejo para intensificar o desmerecimento do Governo e obter ganhos de causa, da sua, que não a do país. E o líder do maior partido da oposição, Passos Coelho, não se ficou por menos.
Embrulhado em muros de silêncio, hesitante, submergido pela opinião dos outros, não consegue um único pensamento de autor e perde-se entre o dever e o tacticismo do "pote", imagem de que tanto gosta para se referir ao país e ao poder, que não ao dever de governar.
Assim se compreendem as atitudes da oposição perante as decisões de enorme exigência que o Governo e o Primeiro-Ministro tiveram agora de assumir: dizer aos portugueses que para atingir 2012 e 2013 – QUE NÃO 2011 - e garantir o retorno a um crescimento sustentado da riqueza e do emprego poderá ser necessário ir mais longe no contributo de todos.
E poucos aceitarão isso de ânimo leve, porque a maioria está convencida de que esta crise é apenas portuguesa, porque o Governo não fez o seu melhor e outros virão que hão-de fazer diferente. Sim, diferente, mas não melhor ou, pelo menos, com custos sociais inferiores.
Emprego para todos, fim dos jovens "à rasca", seja qual for a sua formação, crescimento acima da média europeia, taxas de juro diminutas, combustíveis mais baratos, colocação para todos os professores e demais profissionais, mais e melhores vencimentos, nomeadamente para os governantes, como acabámos de ler no "manual de intruções" que o PSD publicitou na imprensa, privatizações progressivas na saúde, educação e segurança social, enfim uma panóplia de coisas diferentes, bem diferentes.
Se lá chegarem, resta saber se são melhores. ESPEREMOS PELA ATITUDE DO PSD.
PELO MENOS A EXPECTATIVA É ALTA.
JC 2011-03-18
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