quarta-feira, 26 de abril de 2017

Arnaldo Costeira e Pedro Santos Guerreiro no 25 Abril em Viseu


Participei nas cerimónias que começaram no Regimento de Infantaria de Viseu (RIV) com a receção pelo Comandante, na Biblioteca, a todos os órgãos autárquicos, câmara e assembleias municipais e presidentes de junta de freguesia. A assembleia municipal entregou um ramo com 43 cravos, tantos quantos anos que decorreram depois de Abril de 74. O capitão de Abril Arnaldo Costeira esteve presente.

Seguiu-se a sessão solene, já no pavilhão multiusos da freguesia de Santos Evos. Este ano o convidado especial foi Pedro Santos Guerreiro, natural de Viseu e diretor do Expresso. Foram homenageados todos os antigos presidentes de junta de freguesia. 














António Ribeiro de Carvalho  (PS)
Intervenção do PS por António Ribeiro de Carvalho
"Cabe-me, em representação do Grupo Municipal do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Viseu, começar por cumprimentar V. Exªs nesta sessão solene evocativa do “25 de Abril”. 
Foi há 43 anos (como o tempo passa…) que um grupo de jovens Capitães derrubou um regime caduco que durante 48 anos proibiu, reprimiu, prendeu, torturou e, principalmente, calou os sentimentos mais profundos do Povo Português
Pertenço àquela geração cuja formação política se forjou no Associativismo Estudantil e nas lutas académicas, geração essa, generosa e ingénua, que acreditava, como se de dogmas se tratasse, que a queda do fascismo, por si só, traria ao Povo Português mananciais de felicidade e que os Governos que viessem a governar em Democracia pautariam sempre a sua conduta pela seriedade de intenções e transparência de processos, donde resultaria,
inevitavelmente, a melhoria das condições de vida e trabalho para todos os Portugueses, a começar pelos mais desfavorecidos.
Cedo porém, e infelizmente, nos fomos dando conta de que a Liberdade, valor primeiro, de entre todos o mais querido, esse, formalmente existe. E digo que existe formalmente porque não há inteira Liberdade quando não há pão para todos, não há saúde igual para todos, não há justiça igual para todos, não há instrução igual para todos, nem há um tecto para todos.
Onde, quando e de que maneira se procurou, realmente, alcançar esses ideais, tão caros à minha geração? 
Infelizmente nenhum dos vários Governos que se foram sucedendo em Portugal
conseguiu, verdadeiramente, trazer ao Povo Português a prosperidade económica que este  merece, nem fixar os Portugueses no seu País, constituindo hoje a diáspora um muito significativo número de Portugueses que se viram forçados a vender no estrangeiro a força do seu trabalho. E, ao contrário dos negros anos do fascismo, em que a emigração era maioritariamente de pessoas não qualificadas, hoje a maioria dos que emigram pertencem à elite intelectual dos que adquiriram licenciaturas, mestrados e doutoramentos nas nossas Universidades, cujo funcionamento todos nós suportamos.
Depois do “orgulhosamente sós”, em cumprimento de um dos três “D” da Revolução de Abril, a Descolonização procedeu ao desmantelamento do então chamado “Império Colonial Português”, e Portugal recolheu-se de novo à sua condição de pequeno País, o mais a Oeste da Europa, pelo que, outro caminho lhe não restou que voltar-se para essa Europa, a que sempre virou costas voltando-se para o Mar que foi desbravando até aos confins do Mundo.
Portugal aderiu, pois, à União Europeia e assistiu-se a um fluxo de entrada de dinheiro inimaginável de milhões de euros diários e durante muitos anos. Infelizmente quem nos governava então, por falta de visão estratégica aplicou massivamente esse dinheiro em betão, esquecendo que deveria encaminhá-lo, primordialmente, para o verdadeiro desenvolvimento económico e social do País nas áreas-chave de transformação estrutural – qualificação, tecnologia, especialização produtiva e emprego, desenvolvimento regional e estruturação do espaço económico nacional, repartição e consumo, estrutura e aproveitamento da propriedade e gestão dos meios de produção.
 Mais do que isso, desastradas negociações conduziram ao abandono da agricultura e ao desmantelamento da nossa frota pesqueira e do nosso pujante e tradicional comércio marítimo com navios de bandeira nacional. Para depois, mais tarde, os mesmos personagens invocarem que o mar é o grande desígnio nacional…
Já em anos recentes, e na sequência de um pedido de resgate, eventualmente
desnecessário, já que a poderosa Alemanha e a própria União Europeia tinha apadrinhado o chamado PEC 4, assistiu-se ao mais duro cenário de austeridade em que o Chefe do Governo se gabava de introduzir medidas restritivas ainda mais gravosas do que as impostas pela “Troika” e defendia o empobrecimento do País pois, dizia, só assim Portugal se salvaria e recuperaria uma boa situação económica e a imagem de um bom aluno.  

Afinal, com essa política, ao contrário do propalado, assistiu-se ao colapso do sistema financeiro, com os principais Bancos a terem de recorrer à linha pública de capitalização, tendo até alguns implodido e, pelo esmagamento do crédito às empresas, maioritariamente médias e pequenas, assistiu-se ao encerramento de milhares delas, com os consequentes agravamento do desemprego e da fome, e que teve como imediato resultado a emigração de quadros que tanta falta vão fazer ao País para a sua efectiva recuperação económica.
 E, é bom não esquecer, durante esse período nocturno do nosso País, as mais importantes empresas nacionais em sectores estratégicos passaram para mãos estrangeiras, como a EDP, a ANA, a PT, e tantas outras.
Felizmente, depois desse sombrio período, o Governo do Partido Socialista veio provar que é possível alterar o estado de coisas por forma diferente da austeritária, aumentando os salários, fazendo crescer a economia, diminuindo o défice e o desemprego e, para mim mais importante ainda, recuperando a paz social e tornando o País mais distendido e menos descrente no futuro.
Chamam-lhe a “Geringonça”, bizarro nome, que de insultuoso passou a respeitado, para um Governo que governa com e para os Portugueses e que conseguiu, ao contrário do que sempre afirmaram os “Profetas da Desgraça”, trazer para a zona da responsabilidade, que não apenas a da contestação e oposição, os Partidos mais à esquerda do espectro Partidário com representação Parlamentar, até aí fora do por alguns discriminatoriamente chamado “Arco da Governação”.
Daqui, também e por isso, a minha particular saudação ao Primeiro-Ministro António Costa.
Comemorar o “25 de Abril” é, antes do mais, lembrar e agradecer àquele punhado de jovens Capitães que patrioticamente se rebelaram contra a Ditadura e devolveram ao Povo Português a capacidade de livremente se manifestar e escolher o destino colectivo da Nação, não podendo esquecer os então Capitães do R.I. 14 de Viseu que participaram nessa jornada gloriosa: Diamantino Gertrudes da Silva, António Amaral, Aprígio Ramalho, Arnaldo Costeira e
Amândio Augusto.

 Mas comemorar o “25 de Abril” é também comemorar o Poder Local, o Poder
Autárquico, aqui, numa freguesia, primeiro escalão desse Poder, o que mais próximo se encontra das populações e mais com elas compartilha alegrias e tristezas, anseios e realizações. Na pessoa do Senhor Presidente da Junta de Santos Evos, nosso anfitrião, saúdo todos os Presidentes de Junta deste nosso Concelho de Viseu, a quem felicito pela espinhosa, mas muito honrosa tarefa que desempenham. 

Uma última palavra para os Jovens que tiveram a felicidade de não ter vivido antes dessa gloriosa manhã que foi a de 25 de Abril de 1974 e, por isso, não foram sujeitos à ignomínia e ao desespero que é viver sem Liberdade. Liberdade que, essencialmente, é o direito de dizer NÃO.
E é a isso que Vos exorto, a que exerçam, firmemente mas com responsabilidade, o direito e o dever de dizer NÃO, para que possam dispor, em Paz e Liberdade, do Vosso destino e do destino dos Vossos concidadãos para o bem de Portugal.
Viva o 25 de Abril, Vivam os gloriosos Capitães de Abril, Viva Viseu, Viva Portugal."

Santos Evos - cerimónia oficial
A sessão foi aberta por Mota Faria, presidente da assembleia municipal. Deu a palavra aos representantes dos partidos políticos, ao convidado Pedro Santos Guerreiro, ao presidente da câmara e depois o próprio fez a intervenção final. No final houve um almoço popular.








sábado, 22 de abril de 2017

Acácio Pinto - "Sátão na Geografia Sentimental de Aquilino"

Foi ontem, na Casa da Cultura de Sátão. Uma nova tertúlia Dão e Demo organizada por Acácio Pinto. Alberto Correia, Ana Albuquerque, Paulo Neto, Isabel Segorbe, moderados pelo anfitrião, levaram-nos à Geografia Sentimental do escritor por terras de Sátão numa noite para recordar. 
Na assistência foram vários os que deram o seu testemunho, contaram as suas "estórias" e fizeram propostas   para
universalidade de Aquilino a partir das Terras do Demo.
Os presidentes de câmara de Vila Nova de Paiva, Sernancelhe e Moimenta da Beira estiveram presentes e, no final, responderam ao desafio dando nota do que já foi feito nesta matéria e sugerindo novos caminhos de concertação para a ampliação plena da obra, da vida e do exemplo de Aquilino














quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Défice em 2,3%. Até parece que não é importante!!!

No 1º debate quinzenal na AR da República o 1º Ministro deu a notícia mais relevante de todas: "o défice de 2016 ficará em 2,3%". No entanto a TSU dominou as intervenções ( e não desvalorizo o tema). 
Mas, sabendo como se sabe, que a diminuição do défice é um sinal vital para os mercados e, sabendo como se sabe, que foi conseguido a par da reposição de salários, pensões e reformas, num contexto de crescimento do PIB, em linha com o resto da Europa, e com uma diminuição real do desemprego, não se entende muito bem a pouca atenção dada à novidade do 1º Ministro.
Ou talvez se perceba. À direita, a aposta está em que tudo corra mal. Fraca alternativa! E à esquerda, perante a subida do PS ao limiar da maioria absoluta, há que explorar todos os "nichos de mercado" para que os parceiros da coligação segurem o seu eleitorado. 
Não há dúvida de que em 2016 as coisas correram bem ao Governo e ao país, tal como concluiu o Presidente da República.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

(Opinião) Mário Soares

Foi a figura mais notável do século XX. Fundador da democracia portuguesa e do Partido Socialista, pagou bem caro a sua luta pela liberdade. A prisão e o exílio nunca abalaram as suas convicções e nunca deu tréguas à ditadura. E nesses tempos difíceis, e sempre, nunca lhe faltou o apoio da sua extraordinária mulher, Maria de Jesus Barroso.
Destruiu a ideia de Salazar de um país “orgulhosamente só” para integrar Portugal na Europa e no mundo, devolvendo às pessoas o exercício total da sua cidadania, consagrada em todos estados de direito e democráticos.
Combateu o analfabetismo, garantiu o acesso à Justiça e à Saúde, fundou as bases do poder local democrático e entregou às pessoas, através dos seus legítimos representantes, a responsabilidade pelo desenvolvimento das suas freguesias e concelhos.
Conheci-o no 25 de Abril, na minha juventude, cresci como homem sob o seu exemplo e nunca lhe faltei com o meu apoio até aos dias de hoje. À época, em 74/75, Álvaro Monteiro, Armando Lopes, Almeida Henriques, Jorge Teixeira, Adolfo Amaro, Lino Moreira Rodrigues e tantos outros constituíram, a sua base de apoio em Viseu e fundaram aqui o Partido Socialista com sede na conhecida Rua do Comércio.
Lembro-me no dia em que, de manhã muito cedo, estive pela primeira vez em sua casa, a acompanhar Álvaro Monteiro, com o objetivo de recolher a sua assinatura para formalizar as candidaturas pelo distrito de Viseu.
E aqui esteve, em Viseu, quando o Governo se deslocou para norte a fim estruturar, com êxito, a luta contra a tentativa totalitária do PCP. E daqui saí numa camioneta de carreira, meia cheia (terra difícil) para avançar para a Fonte Luminosa no 19 de julho e dar, com os meus camaradas, o nosso contributo para a defesa da democracia. A Mário Soares fica aqui o meu reconhecimento pela liberdade que temos e a democracia que somos.

JC 2016.01.9

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

(Opinião) Um 2017 tão estimulante como 2016

É preciso recuar no tempo, muito, para encontrar um ano tão motivador como o de 2016. O país conheceu uma nova solução governativa, à esquerda, com os improváveis BE e PCP a assegurarem ao PS uma estabilidade assente numa maioria parlamentar coesa.
O país e a nossa democracia têm beneficiado com isso. Creio que todos estamos a aprender muito, nomeadamente o atual “establishment europeu. António Costa bem pode dobrar o ano com o sorriso próprio de quem tornou possível o improvável. E, na zona de conforto que construiu, o papel do Presidente da República tem sido decisivo.
Marcelo Rebelo de Sousa revelou-se um congregador de vontades, vê esperança onde outros só encontram pessimismo, antecipa sucessos onde outros esperam a chegada do diabo, tem construído pontes por cima das querelas. O PR e António Costa demonstraram bem o que é cooperação institucional genuína e que em democracia não há caminhos únicos.
Passos Coelho ficou refém da sua própria estratégia e arrastou consigo o PSD. E que oposição poderá fazer um líder tão comprometido? Portugal sai finalmente do procedimento por défice excessivo, terá um crescimento acima das previsões dos organismos nacionais e internacionais, o desemprego diminuiu, as importações registam um desempenho recorde e a economia conta mesmo com o maior excedente comercial de sempre.
Paralelamente, a autoestima dos portugueses está em alta. Têm mais rendimentos, o país é campeão europeu de futebol, os atletas em várias modalidades atingiram um êxito internacional invejável, o turismo bate todas as expetativas, a Web Summit Lisboa é um êxito que se continua e, entre muitos outros factos notáveis, António Guterres acaba de assumir institucionalmente o cargo de Secretário Geral da ONU. Que 2017 seja tão estimulante como 2016!

Jornal do Centro 2016.12.12