sexta-feira, 23 de setembro de 2016

(Opinião - JCentro) O Ministério Público

O Ministério Público
O Ministério Público esteve em particular evidência nestes últimos dias. O tema é sempre o mesmo: José Sócrates. Se a investigação dedicasse tão zelosa atenção e cuidado ao seu trabalho como o que ostenta ao conjugar o verbo “bufar” este caso já estaria arrumado, bem ou mal, há muito tempo.
Eça de Queirós (…) sobre a justiça e os tribunais em abstrato quase nunca escreveu e se o fez foi de soslaio. Conhecia o sistema e sabia que cair-lhe nas garras era penoso, caro e de imprevisível desfecho; por mais razão que o cidadão tivesse, sabia que não era certo que vencesse e, ainda que o conseguisse, provavelmente ficaria arruinado”. (publicado por ASCR-Confraria Queirosiana) ”
Para uma certa Justiça, nos dias que correm, o espaço mediático é o "fruto proibido” de Adão e Eva no Jardim do Éden. A tentação de lhe dar uma trinca é uma espécie de “Atração Fatal” como aquela que o filme dirigido por Adrian Lyne  nos revelou nos finais dos anos 80.
Um juiz, que se qualifica como “saloio de Mação”, deu duas entrevistas com a particularidade de utilizar um dos casos que tem em mãos como a antítese da sua própria vida, suposta proba e discreta. Só que, ao fazê-lo, fez acusação e condenou quem ainda não foi acusado de nada (e já lá vão 3 anos) e não foi a julgamento. Era talvez este o paradigma a que Eça se referia.
No entanto, o que verdadeiramente motiva a minha opinião é um desmentido que um diário fez da sua própria manchete da última sexta em que anunciava que o presidente de um grupo empresarial confessara, em sede de justiça, ter feito pagamentos a José Sócrates. Mas, logo a seguir, no Domingo, dia consagrado ao arrependimento, admitiu o erro (…) atribuindo ao procurador Rosário Teixeira a frase que sustentou a notícia da manchete”. E depois a hipocrisia política diz: “à justiça o que é da justiça”. Pois claro!
JC 2016.09.19 (distribuído como Expresso)

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