sexta-feira, 23 de setembro de 2016

(Opinião) CGD, a nova lei não passará

CGD, a nova lei não passará

Em julho de 2011 critiquei o governo PSD/CDS por ter aumentado de 7 para 11 o número de administradores da Caixa Geral de Depósitos. Por coincidência, coube-me traduzir também o sentimento do PS e do seu grupo parlamentar. E os partidos à esquerda do PS fizeram o mesmo. A reprovação foi generalizada.
Surpreendeu-me, pois, que o atual governo, apoiado pelo BE e PCP, tivesse assumido a decisão de aumentar para 19 o número de administradores. Surpreendeu-me ainda mais o silêncio cúmplice dos críticos de outrora. Nem Catarina, nem Jerónimo!
É também estranho que, nove meses depois da tomada de posse, o ministro Mário Centeno ainda não tenha nomeado a nova administração, tendo mesmo pedido por favor, e por escrito, à cessante para “aguentar o barco”. Agora, à luz do “chumbo” do BCE, tudo se compreende melhor. Como diz o povo, “o carro andou à frente dos bois”.
Sem levar em conta a legislação interna e as condicionantes do regulador europeu, o próprio primeiro-ministro fez convites a personalidades de grande projeção e mérito, uma parte das quais é agora desconvidada. É penoso para todos e a “novela” transpira amadorismo e poucas cautelas. E, mais uma vez, Nem Catarina, nem Jerónimo!
E como se tal provação não bastasse, precipitou-se o secretário de estado da tutela com o anúncio da modificação da lei para remediar o erro crasso. “Pior a emenda do que o soneto”. E agora sim, ouvimos Catarina e Jerónimo, bem como o Presidente Marcelo.
Há aqui excessos do BCE, nomeadamente no que respeita à exigência de mandar para formação alguns dos indigitados. É uma clara ingerência nas opções internas e creio ser difícil aos visados aceitarem uma espécie de “Novas Oportunidades” para exercerem funções para as quais partem diminuídos. No entanto, e para já, a conclusão é só uma: a nova lei não passará!
JC, 2016.08.21

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