segunda-feira, 1 de agosto de 2016

(Opinião) O domínio da política pura

Concluíram-se os primeiros 240 dias de António Costa. Parte da opinião publicada não o tem poupado a críticas duras e a vaticínios dramáticos. Mas a outra opinião, a pública, traduzida pelas sondagens, revela um primeiro-ministro cada vez mais popular e um PS cada vez mais forte. Esta semana terá chegado aos 39%.
Só no final do verão, como tenho insistido, será possível aquilatar se a maioria das metas e promessas do PS estão a ser - e vão ser - concretizadas. Nessa altura se verá se a esquerda parlamentar se entende nas políticas de ajustamento para 2017 e se estas convencem as instâncias internacionais. O futuro do governo e da maioria de esquerda dependem disso, da qualidade e da dose dessas propostas.

O mérito da ação governativa tem sido o grande responsável pelo apagamento de Passos Coelho. O PSD ainda não se reencontrou e atua por impulsos, sem racionalidade e motivação. Vive de um prognóstico negativo, da aposta no insucesso do outro, que não do exercício credível de uma capacidade alternativa. O PSD profundo denota já uma inelutável vontade de mudança interna.
A atitude de resistência do governo à discricionariedade do diretório europeu tem sido um sucesso. Contrasta com a resignação a que a direita habituara o país, conta com o apoio do Presidente da República e da maioria dos eleitores.
A argumentação do primeiro-ministro tem sido inteligente. De facto, ninguém entende que Europa tenha elogiado os esforços do governo anterior (apesar de ter falhado) e reconheça o sucesso deste quando confessa acreditar que será em 2016 que Portugal vai finalmente sair do procedimento por défice excessivo. Até agora a direita não soube enfrentar algo que há muito não acontecia: o domínio da política pura.
Jornal do Centro 

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