sexta-feira, 11 de março de 2016

Opinião - Cem dias de Governo, sem oposição responsável

Cem dias de Governo, sem oposição responsável
Muito se falou do desempenho de António Costa e do seu Executivo neste período propedêutico, introdutório de um novo caminho e de um novo estilo de governação. Ao contrário, pouco se disse, muito pouco, sobre a performance da oposição.
O Governo conseguiu a flexibilização de Bruxelas para as metas do OE 2016, uma nota positiva da Moody’s e, pela primeira vez, o voto favorável do BE, PCP e PEV, cumprindo o essencial dos seus compromissos e resistindo sempre à tempestade dos juros nos mercados internacionais.
Complementarmente, António Costa, recuperando uma tradição do próprio Cavaco Silva, convidou o Presidente da República para um último ato institucional, o de presidir a um Conselho de Ministros subordinado ao tema que lhe foi tão caro: o do Mar. Diluiu a crispação política e construiu o ambiente adequado a um final de mandato com dignidade e respeito mútuos.
Pôde pois dizer, com algum conforto, que ao fim de cem dias o país, as instituições e a vida das pessoas regressaram à normalidade. E exemplificou bem o que isso era: ninguém tem de continuar a dormir sobressaltado com receio de que, ao acordar, a sua prestação social, pensão, reforma ou salário esteja cortada. Bem conseguido!
Neste período, tal como vaticinei, a coligação de direita dividiu-se e esfumou-se. Quanto aos seus protagonistas, Paulo Portas ensaiou uma sucessão controlada, dando a ideia de que sai. Passos Coelho fica, com 95% dos votos, sem se dar conta de que, no curto prazo, ou constrói o sentimento de regresso rápido ao poder ou será removido pelo seu partido em nome desse mesmo poder.
Neste “interim”, entre o bom desempenho da esquerda e o discurso azedo de uma direita estupefacta, ainda desencontrada e em mutação, aconteceram cem dias de Governo sem oposição responsável.
JC 2016.03.06

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