Almeida Santos foi e continuará a ser uma referência maior. Desde a minha juventude até aos dias de hoje a minha estima e admiração nunca pararam de crescer. Cedo se incomodou para ajudar o seu país e da sua pena saíram as leis estruturantes do nosso Estado de direito democrático.
Afável, sereno, muito chegado à família, fazia amigos com facilidade. Tinha uma autoridade natural. Nunca precisava de falar alto para se fazer ouvir. Era um dom cultivado, inteligente, que toca a poucos, mas que lhe permitia fazer consensos com muitos.
Sempre viu mais longe, como bem prova a extensa obra que nos deixa. Com Mário Soares ergueu o PS, fez dele o grande partido que somos e ao qual está ligada a história da liberdade, da democracia e do socialismo. Participou em todos os combates e estava a travar mais um quando, sem aviso, a vida se interrompeu.
Fica o meu reconhecimento e um abraço forte e solidário a toda a família e amigos que tanto o estimavam e lhe queriam bem.
"Nascido
em Seia, Almeida Santos licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em
1950 - onde aprendeu o canto e a guitarra de Coimbra e chegou a gravar um
disco. Cantar o fado de Coimbra foi um dos seus hobbies até muito tarde.
Em
1953 instala-se em Maputo, então Lourenço Marques, onde passa a exercer
advocacia. É uma das figuras centrais da oposição democrática nas colónias,
tendo sido candidato duas vezes nas listas da oposição e defensor de presos
políticos.
Viveu
em Moçambique mais de 20 anos e regressou a Portugal depois do 25 de Abril. Foi
ministro da Coordenação Interterritorial nos quatro primeiros governos
provisórios, o responsável direto pelas negociações da descolonização.
Ao longo
da sua longa carreira política foi também ministro da Justiça, ministro da
Comunicação Social, ministro adjunto do primeiro-ministro Mário Soares no II
governo constitucional, ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares. Quando
Mário Soares se decide candidatar à Presidência da República, é Almeida Santos
o candidato a primeiro-ministro do PS nas eleições de Outubro de 1985. Depois
de três anos de austeridade e com o partido do general Eanes (PRD) a concorrer
às eleições, o PS obtém apenas 20% dos votos. Almeida Santos tinha pedido
"uma maioria para governar", levou com uma derrota histórica.
Foi
sempre um dos homens de máxima confiança do fundador do PS Mário Soares. É a
Almeida Santos que se deve a grande maioria das leis que desenharam a
democracia. Foi presidente da Assembleia da República e só deixou de ser
presidente do PS quando António José Seguro chega à liderança do partido. Mas
fica com o cargo de presidente honorário - e mantém-se em atividade,
participando em quase todas as grandes reuniões do PS. Sem evitar os
confrontos, fazia-o sempre com a máxima tranquilidade.
Era
uma referência máxima do PS, a quem o Estado entregou a grã-cruz da Ordem da
Liberdade e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo." (Ana Sá Lopes)
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