O PS a
caminho da maioria absoluta
O
Governo está finalmente em funções. O programa foi discutido esta semana. Já não
existia expetativa quanto às propostas estruturantes e a novidade foi o “brinde
natalício” oferecido pela direita sob forma de moção de censura. Estava
antecipadamente condenada ao insucesso. E assim foi. Ao ser derrotada, António
Costa obteve a confiança do parlamento para o seu programa que, como se sabe, não
necessitaria de ir a votos. Ouro sobre azul.
O
debate centrou-se na legitimidade ou não da coligação da esquerda, com maior ou
menor ressabiamento. Afinal, a força vencedora vai para a oposição e a
perdedora para o Governo. A solução é constitucionalmente legítima, facto que a
própria Manuela Ferreira Leite já sublinhou, pese embora a sua discordância, e
não é nenhuma novidade nas democracias europeias.
Começa
agora o grande desafio para o PS, o de corresponder às expetativas criadas
junto do eleitorado, de manter o apoio parlamentar de uma esquerda mais radical
e de governar no respeito pela boa saúde das contas públicas e da estabilidade
financeira e política do país.
Analisar
se as promessas do PS são ou não acomodáveis no orçamento, sempre nos limites
do Tratado Orçamental, é uma perda de tempo. Em junho, que não ainda em março,
a execução orçamental dirá tudo o que haverá a dizer sobre a matéria. A UTAO, o
Conselho Superior de Finanças Públicas, o INE ou as demais instituições
europeias irão divulgar os seus números.
Em
março, se for esse o momento já estabilizado, a discussão das linhas de
orientação para o Pacto de Estabilidade será o primeiro grande momento com
interesse político, não tanto pelo discurso da direita, mas pelo qualidade do cimento
que une as esquerdas. Por
essa altura, PSD e CDS estarão a experimentar um processo de afastamento –
funcional, pelo menos - as suas vidas internas também deverão conhecer
alterações e no verão já tudo estará em transformação política.
Nessa
altura, as sondagens hão-de falar mais alto do que se espera, porque da opinião
que traduzirem vai depender o comportamento dos partidos, das coligações e a perseverança
na aplicação das políticas. Se o PS, como espero, conhecer sucesso na sua
governação as atenções do eleitorado hão-de concentrar-se nele como
alternativa.
Independentemente
do que acontecer à direita, PCP e BE vão começar a fazer as suas primeiras
contas políticas, porque a afirmação do PS será diretamente proporcional à regressão
eleitoral daqueles partidos. E nessa altura saberemos se Jerónimo e Catarina se
mantêm em linha com o reforço do PS ou procurarão minimizar “estragos” como
tenho vindo a prever desde outubro deste ano.
Jerónimo
voltou a insistir esta semana, com mais ênfase, que há um Governo minoritário do
PS e não uma coligação de esquerda, porque esta apenas se encontrou em “posições
comuns” para o derrube da direita e que isso não é o mesmo que um programa
comum à esquerda. É um sinal de fraqueza do PCP!
Seja
como for, se as expetativas criadas pelo PS junto do eleitorado não
desmerecerem, no verão as sondagens poderão colocar o PS a caminho da maioria
absoluta.
Gota
de Água, 2015.12.04
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