Terapia
fotodinâmica com a molécula Redaporfin já está a ser aplicada em doentes
oncológicos portugueses. Mas o novo fármaco ainda pode demorar anos a chegar ao
mercado…
Estudos e
experiências realizadas em cobaias, entre 2011 e 2014 por uma equipa da
Universidade de Coimbra liderada pelo investigador e professor catedrático no
Departamento de Química da Universidade de Coimbra, Luis Arnaut, provaram que a
molécula Redaporfin elimina as células cancerígenas de vários tipos de cancro
através de terapia fotodinâmica.
A investigação foi publicada no European
Journal of Cancer em meados de 2015 e resultou de ensaios realizados em
ratinhos com diversos tumores que ficaram curados e não observaram efeitos
secundários como acontece com tratamentos convencionais como a quimioterapia.
Estes
testes, conta Luis Arnaut, investigador, «previram com rigor quando é que a
resposta ao tratamento iria surgir, com que doses e em que circunstâncias
seriam obtidos os efeitos terapêuticos no doente». O estudo mostrou, ainda, a
eficácia do fármaco que teve uma taxa de reincidência da doença muito baixa, a
rondar os 14 por cento. Os testes efetuados em cobaias serviram de base para o
plano dos ensaios clínicos da molécula Redaporfin.
Realizados
pela farmacêutica Luzitin SA em doentes com cancro na cabeça e no pescoço têm a
particularidade de, contrariamente ao que acontece em testes semelhantes,
abrirem novas perspetivas terapêuticas. «Foi possível obter resultados
terapêuticos nos doentes sem efeitos adversos», explica o investigador. Na
prática, esta terapia «estimula o sistema imunitário do paciente, ou seja,
limita o processo de metastização do tumor, ativando uma proteção antitumoral
contra o mesmo tipo de células cancerígenas noutras partes do organismo».
Os próximos
passos da investigação
Até ao final
de 2015 vão estar a decorrer ensaios com doentes oncológicos em hospitais de
todo o país. Até agora, os resultados, validados cientificamente, «fundamentam
a expetativa que a terapia fotodinâmica com a molécula Redaporfin se revele
mais eficaz que as terapêuticas convencionais». Este primeiro fármaco português
para tratamentos oncológicos poderá estar disponível no mercado dentro de três
a quatro anos.
Descodificador
de conceitos:
- Terapia
fotodinâmica
Normalmente,
utilizada no tratamento de tumores que se encontram na superfície da pele ou em
zonas muito próximas, consiste na aplicação de uma substância química (um agente
fotossensibilizador) e uma fonte particular de luz (semelhante ao laser) para
destruir as células cancerígenas. Essa substância é aplicada diretamente na
pele ou injetada.
-
Metastização
Proliferação
das células cancerígenas em outros órgãos do corpo humano, além do que já está
afetado por um tumor maligno.
Texto: Carlos Eugénio Augusto REVISTA PREVENIR // NOTÍCIAS
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