O “comboio” em Viseu também depende do Presidente
A IP (Infraestruturas de Portugal) anunciou
um investimento na modernização da rede ferroviária nacional, em conformidade
com os projetos do IEVA (Infraestruturas de Elevado Valor
Acrescentado), cerca de 10 milhões de euros. É o que se infere do “Diário da
República” onde consta “o lançamento do
procedimento pré-contratual para a modernização das linhas do Alentejo, da
Beira Alta, para a concordância entre a linha da Beira Alta e a linha do Norte,
assim como para a aquisição de equipamentos diversos”, tal como noticiou a
imprensa diária.
A minha preocupação decorre do pouco
dinheiro para muitas obras, incluindo, note-se, “aquisição de equipamentos. Só
na linha da Beira Alta, para correção de constrangimentos no seu corredor, pelo
menos em Celorico, Luso e Entroncamento, é necessário bem mais do que 10
milhões para poupar mais de 30 minutos de viagem.
O que está em causa é a ausência de
decisão para uma intervenção estruturante na ligação Aveiro Salamanca. Espero
bem que os parlamentares eleitos aproveitem esta oportunidade para perguntarem
ao governo – como forma de pressão política – se já definiu ou não uma
estratégia global decisiva para a nossa região. E para quando e com que verbas?
Sei que o ambiente político é de enorme
instabilidade por razões conhecidas e cada vez mais preocupantes. Não me
esqueço, no entanto, que nos últimos quatro anos, apesar da estabilidade
absoluta da coligação, não foi assumida, com verdade, nada, absolutamente nada,
de concreto.
Este caso toca-nos mais de perto, mas
tipifica bem o inconveniente da ausência de um governo estável e de
compromisso. Se a maioria à esquerda derrubou o governo saído das eleições e se
justificou a sua atitude – goste-se ou não - com uma nova alternativa, não há
nenhuma boa desculpa para o Presidente da República continuar a protelar uma
decisão inadiável. Saímos todos a perder.
A Assembleia da República não pode
legislar em matéria da estrita competência do governo, seja ele qual for, nem
um governo de gestão ou de iniciativa presidencial – como agora se fala por aí
– consegue fazer passar qualquer matéria sobre a qual o parlamento seja
competente ou decida pronunciar-se.
A este imbróglio junta-se também a
necessária assinatura do Presidente da República para a promulgação de qualquer
diploma e, neste caso, governo e parlamento sabem bem que tudo o que fizerem
terá sempre um crivo e um limite. O regime é semipresidencial.
O Presidente da República bem pode falar
em “cofres cheios” de dinheiro emprestado - de dívidas – para desvalorizar o
tempo de espera, bem pode comparar com o pretérito 2011, porque não resolve o
essencial, o futuro coletivo a que todos temos direito. Até ao sinal de
partida, tal como no país, o “comboio” em Viseu também depende do Presidente.
DV 2015.11.18
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