Afinal,
o Iraque e a Síria estão aqui tão perto
Os
atentados em França continuarão a fazer manchetes nas próximas semanas. Foi
assim com “Charlie Hebdo”. O mundo indignou-se e foram muitos os Chefes de
Estado que se juntaram ao povo francês, desfilando com ele para manifestarem
solidariedade e enviarem uma mensagem comum, forte, de que o terror será sempre
derrotado.
Alguns
meses depois tudo se repetiu. Cerca de 130 mortos e 350 feridos, muitos em
estado grave, dizem bem da dimensão desta última tragédia e o modo como ela
aconteceu mostra bem a tremenda frieza e cobardia com que os terroristas
ceifaram vidas.
Pouco
se sabe ainda sobre eles, mas o que se vai conhecendo é motivo de grande
preocupação. Por que razão estes jovens, alguns com família e vidas aparentemente
normais, se predispõem a morrer e a matar?
O
Iraque foi atacado duas vezes. Na segunda foi assumida a decisão de decapitar o
regime, sem uma alternativa e sem uma razão válida. Hoje todos admitem que as
informações sobre armas de destruição maciça foi um logro e a cimeira dos
Açores uma encenação lamentável. Sim, mas ninguém foi chamado à
responsabilidade.
Morreram
milhares de civis – os tais “danos colaterais” – foi sacrificada a juventude
europeia, tal como a americana, e nada se resolveu. Ficou, no entanto, mais
intensa a semente do ódio e só a indústria de guerra somou dividendos.
Na
Síria o desastre humanitário é imenso, o êxodo daqueles que fogem à guerra e ao
Estado Islâmico transformou-se noutra tragédia e com estes acontecimentos o espaço
Shengen regressará ao tempo das fronteiras e ao crescimento dos nacionalismos.
Penso
que a França, o mundo e todos nós não aprendemos nada com o “Charlie Hebdo”. Há
ainda quem julgue que tudo acontece “lá longe” quando, afinal, o Iraque e a
Síria estão aqui tão perto.
JCentro 2015.11.15
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