Um passo à frente, dois à retaguarda. E depois?
Nem governo de combate, nem governo de grande
abertura à sociedade civil ou a personalidades mais à esquerda. O novo governo
é o que é, nem melhor que o anterior nem muito pior. Mas também não podia ser
outra coisa. Criticar abertamente a composição deste executivo exige uma enorme
dose de cinismo, porque é criticar uma lista de nomes sem ter em conta as
circunstâncias que o rodeiam. Numa situação tão especial - e bizarra - seria
muito difícil fazer um executivo mais forte. Não há ninguém naquela lista que não
saiba o seu destino próximo. E os que ainda possam duvidar, não acreditam que
fiquem lá além do verão.
Pode-se analisar o novo governo de todas as
formas: pelo número de independentes, pelos novos ministros, pelos que saem,
pelos secretários de Estado promovidos, pelos que ficam, pelo quem é quem, pelo
que fizeram no passado, e por aí fora. Mas será que vale mesmo a pena? É que
este governo é um pequeno passo à frente, à espera de dois à retaguarda.
A questão está no que se passa depois.
No fundo este governo tem que existir para que
a atual maioria se possa reorganizar na oposição. Este movimento parece muito
simples, mas não é nada óbvio. Sobretudo porque a coligação ganhou eleições e
estava, naturalmente, à espera de governar. Ter que se preparar para a oposição
obriga a uma volta de 180 graus. E a equipas muito diferentes: governar é uma
coisa, estar na oposição é outra.
Além disso, há uma outra questão que se
levanta: estamos a falar de quanto tempo na oposição? É que é muito diferente
estar fora do governo seis meses ou três ou quatro anos. Neste momento está
tudo a preparar-se para uma legislatura muito curta, mas pode dar-se o caso de
durar um pouco mais. E nesse caso, tanto Passos Coelho como Paulo Portas têm
que repensar as suas estratégias de curto e médio prazo.
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