O Presidente da República dá hoje posse ao XX
governo constitucional que, na próxima semana, deverá apresentar o seu programa
no Parlamento. Nessa altura será chumbado por toda a oposição que, mesmo antes
de conhecer o que quer que seja, já divulgou ser essa a sua opção.
O único senão que poderia contrariar este fim
anunciado seria a inexistência, por parte do PS, de um acordo com comunistas,
bloquistas e verdes, que não garantisse um governo de legislatura, respeitador
dos compromisso nacionais e internacionais de Portugal.
Como se sabe, sempre defendi uma solução
diferente, liderada pelo PS enquanto oposição parlamentar, convergente à
esquerda, mas dialogante com todos os partidos. É isto que defendo e não um “acordo-muleta”
com o PSD e o CDS.
A estes dois partidos da PàF, coligação
vencedora das eleições, competiria governar, procurar consensos, porque foi
essa a vontade do eleitorado. Deveria ter esse ónus, o mesmo que conheceram os
governos minoritários de Guterres e Sócrates.
E sabe-se como terminaram esses governos.
Terminaram mal, na oposição, e com uma maioria absoluta de direita, melhor
dizendo, duas maiorias absolutas. Tudo faz crer que a solução que defendo
conduzisse o PS, mais cedo do que tarde, a uma vitória eleitoral, ao governo e
com a política de alianças que entendesse, mesmo em maioria absoluta.
Não sendo assim, como tudo parece indicar, se o
Presidente da República vier a indigitar António Costa como primeiro-ministro,
então a aliança à esquerda deve ser de incidência governamental e não apenas
parlamentar.
Um Conselho de Ministros partilhado por todos
os partidos à esquerda seria a única garantia séria de estabilidade e de
elevada probabilidade de termos governo para quatro anos.
O Presidente da República pode aceitar esta
segunda hipótese ou mesmo aquela que aponta para uma aliança apenas
parlamentar? Sim pode, mas também pode pensar de modo diferente se,
eventualmente, se mantiver fiel ao seu primeiro discurso.
Em abono da verdade – ironia do destino - o que
mais pode beneficiar a PàF é ser conduzida à oposição depois de ter vencido
eleições. Assumirá o papel de vítima e não terá o ónus do que aí vem.
E o que mais pode prejudicar o PS – outra
ironia do destino – é, depois de derrotado, ser governo, nas mãos de PCP/BE/PEV.
Não creio que qualquer destes partidos se pretenda dissolver no PS, nem tão
pouco partilhar medidas impopulares por causa do que aí vem.
Então o que é que aí vem? Um crescimento médio
de 1,2% na zona euro? Talvez, mas não apenas isso. O cumprimento das obrigações
internacionais, o Tratado Orçamental, pode obrigar em 2016 a uma receita ou
diminuição da despesa de 2,5 mil milhões de euros. Sabe-se o que isto quer
dizer!
É certo que um acordo à esquerda prevê a
devolução, de uma só vez, dos cortes nos salários, pensões e reformas, fim da
sobretaxa, aumento das prestações sociais o que pode custar mais de 2 mil
milhões de euros. Quem vai ser responsável por isto? Afinal quem tem os cofres
cheios? Maria Luís Albuquerque ou António Costa? O que dirá hoje o Presidente?
DV 2015.10.30
Não queria concordar consigo. Estou confuso. Já estive mais otimista com a coligação de esquerda. Depois de ouvir a última entrevista de Jerónimo de Sousa, fiquei apreensivo. Temo o fracasso. Temo a PASOKIZAÇÂO do PS. Não acredito neste PCP que continua dogmático, marxista-leninista (ditadura do Proletariado). Pensava que tinha evoluído e se tinha adaptado aos novos tempos, mas afinal continua cristalizado. Como pode ter sucesso uma aliança com este partido, assim? Parece-me que só aceitou a aliança para não ficar isolado e quer adiar o que se passou a todos os partidos comunistas da Europa. Poderá confiar-se nele? Que pretenderá? Como democrata, aceito todas as ideologias. Mesmo os defensores do nazismo, defensores da ditadura, etc. têm lugar na democracia. Mas...Quem me dera que o bom senso prevaleça e que haja equilíbrio, mudança de políticas com realismo que tirem o país deste sufoco..
ResponderEliminar