sexta-feira, 18 de setembro de 2015

(Opinião) “Palavra dada, palavra honrada”

A campanha eleitoral que agora vai começar oficialmente terminará em duas semanas, a 2 de outubro. Em breve saberemos sobre quem recairá a escolha dos eleitores e tenho a certeza de que na base da sua decisão estará o sentimento de confiança.
É exatamente à volta da “confiança” que o debate político se vai centrar. O Governo vai insistir nos resultados da economia e do emprego, procurando demonstrar que não houve excesso de austeridade, nem esforço para além da “troika”, tentando mesmo provar que, afinal, até tem desconhecidas preocupações sociais.
As oposições vão continuar a exercer o contraditório, sendo que apenas António Costa o fez com êxito durante um debate televisivo que foi visto por 3,4 milhões de pessoas. É que de todos os partidos políticos só o principal adversário da coligação, o PS, foi capaz de apresentar caminhos alternativos, com contas feitas e publicamente escrutináveis.
A maioria PSD/CDS (“PAF”) tem somado muitos erros desde a infeliz intervenção de Paulo Rangel, nos finados de agosto. O debate foi mais um momento de grande fragilidade, seguido de um outro inexplicável: o aparecimento de Miguel Relvas como comentador de serviço da coligação.
Sim, já não estamos a avaliar os méritos ou deméritos das políticas, mas os dos seus intérpretes e, neste caso, com o regresso a um passado recentíssimo que não ilustra a coligação. Mas eles lá sabem!
O novo debate entre Passos Coelho e António Costa terá decorrido esta quinta-feira. À hora que escrevo não sei o que vai acontecer, mas tenho a certeza de que poderá ser fundamental para mobilizar vontades finais. Será transmitido pelas rádios e as televisões vão captar todos os momentos que a seguir serão difundidos. Serão muitos os eleitores que vão, de novo, estar atentos.
A deriva do BES vai estar presente, através de um banco Mau que ninguém quis e de um Novo Banco que ninguém quer. O problema foi empurrado para a frente, para 2016, mas o défice de 2014 vai ser revisto em alta, para trás.
A Segurança Social deverá constituir um ponto alto, porque um Governo que assegurou a Bruxelas, por escrito, um corte nas reformas de 600 milhões de euros tenta agora dar o dito por não dito, mas sem contraditório eficaz para uma nova metodologia de financiamento, com fontes diversificadas, propostas pelo PS, que salvaguarda as pensões, reformas e prestações sociais.
Finalmente, será esgrimido o contraditório sobre o crescimento e o emprego, o aumento da taxa de pobreza, já confirmado pela OCDE, as propostas fiscais para as pessoas e as empresas, nomeadamente a TSU, o aumento do poder de compra e, nesta matéria, ficarei curioso sobre o que será dito sobre a “produção nacional” a única que pode tornar o consumo virtuoso. António Costa, neste debate sobre a “Confiança” vai tentar provar o que tem vindo a dizer, que há outro caminho e que “palavra dada, palavra honrada”.

DV 2015.09.16

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