Chegaram as sondagens diárias da RTP, TVI
e CM. Comparando-as entre si e com as que se inserem na avaliação mais
tradicional, constatamos duas coisas: um resultado tendencialmente próximo e
uma discrepância notável na Católica.
A nota que acompanhou a sua segunda sondagem diz que (…) “mantém o nível de indecisos nos 42 por cento
(33% não sabem e 9% não respondem em que partido votarão). Sublinha por isso o
centro de sondagens da Católica que "a quantidade de indecisos é ainda
muito grande, o que pode afetar negativamente a qualidade das estimativas”.
Parece-me uma
desculpa para o que aí vem. Os profissionais dos estudos de opinião já enfrentam
grandes dificuldades e estas serão ainda maiores nas consequências para a sua
credibilidade. E isso acontecerá a 4 de outubro, no único ato que traduz com
rigor a opinião dos eleitores.
Nunca como agora
se viveram tantas dúvidas. É a primeira vez, em muitos anos, que a uma quinzena
de eleições não existe na opinião pública uma ideia comum sobre quem poderá vir
as ser primeiro-ministro e que partido terá a maioria clara de deputados.
Sim, a maioria
de votos deveria corresponder a uma maioria de deputados e à ausência de
qualquer dúvida sobre quem o Presidente da República vai chamar para formar
governo. Ora acontece que, teoricamente, com uma coligação a percentagem final
poderá não corresponder ao maior número de deputados. Poderemos ter um vencedor
em votos, mas perdedor em deputados. Não é inédito nas democracias, nem tão
pouco entre nós.
Creio, por tudo
isto, que os eleitores não vão assinar com o seu voto uma situação de altíssima
instabilidade para as suas vidas e, sobretudo, para o país. Talvez por isso, possamos
vir a ter uma maioria absoluta e o desaire das sondagens.
JC 2015.09.20
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