A campanha eleitoral continua
forte, de parte a parte. Governo e partidos, respetivamente, esticam ao máximo os
seus resultados e propostas. Nada de novo, portanto. O que surpreende é apenas
o facto do executivo de Passos Coelho, a trinta dias de eleições, continuar a
assumir decisões de fundo que requerem melhor ponderação e, sobretudo, transparência.
Falhado o concurso para a concessão do Metro do
Porto e da STCP, o conselho de administração (CA) decidiu-se por um ajuste direto. Sim, um ajuste direto, leu bem. Reunido
à pressa na sexta-feira, o CA tratou de difundir o anúncio às 9h de sábado definindo
um período de doze dias para a apresentação de propostas.
Invoca, para o efeito, o
“interesse público relevante” e de tal maneira o é, na opinião daquele “grupo”
de administradores e do Governo, que nem podem esperar trinta dias para
conhecer a opinião do próximo Executivo. Pode ser que não seja, mas que cheira
a “negociata” e não a interesse público, lá isso cheira!
É tudo tão irracional e inútil,
porque vai ruir completamente se o próximo Governo for de sinal contrário, que
não se entende. A atitude nem tão pouco teve em conta a opinião dos autarcas e
foi, aliás, assumida contra eles. O negócio não será de tostões e surge, pois,
a pergunta: qual é pressa?
Não fora isto suficiente, vem
a questão da receita fiscal. O Governo publicita com exuberância os números
para poder dizer que se tudo continuar assim a redução da sobretaxa do IRC em
2016 poderá ser diminuída em 25%.
Acontece que “A
receita fiscal do Estado está a crescer quase 970 milhões de euros (ME) nos
primeiros sete meses do ano, mais 4,9% do que em igual período de 2014. Este
resultado só é possível devido ao comportamento dos reembolsos, que estão a
cair 411 ME e que representam 42% da melhoria da receita líquida de impostos”.
Já o
procedimento para a candidatura dos alunos do Ensino Superior a bolsas de
estudo não merece tanta atenção. Teoricamente, desde a última semana de junho
deveriam poder fazê-lo, mas, na prática, só agora é que foi libertado o acesso
à plataforma de bolsas. São dois meses de atraso para mais de 60 mil bolseiros
e sobre a matéria, neste caso, o Governo diz desconhecer que haja qualquer
problema e não tem pressa.
Estes
três exemplos são o paradigma da atuação frenética de Passos e Portas. Pensam
que tudo pode ser feito, que as pessoas não dão conta e que todas as decisões,
sobretudo as deste teor, escapam ao escrutínio público. Estão enganados.
Estas
são boas notícias para as oposições, sobretudo para o PS, porque às medidas
propostas por António Costa, sempre justificadas e quantificadas, sobrepõe-se a
ausência de rigor e transparência do Executivo. E para o PS não há melhor
cartaz do que estes deslizes do governo!
DV 2015.08.26
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