sexta-feira, 28 de agosto de 2015

(Opinião DV) Não há melhor cartaz do que estes deslizes do governo!

A campanha eleitoral continua forte, de parte a parte. Governo e partidos, respetivamente, esticam ao máximo os seus resultados e propostas. Nada de novo, portanto. O que surpreende é apenas o facto do executivo de Passos Coelho, a trinta dias de eleições, continuar a assumir decisões de fundo que requerem melhor ponderação e, sobretudo, transparência.
Falhado o concurso para a concessão do Metro do Porto e da STCP, o conselho de administração (CA) decidiu-se por um ajuste direto. Sim, um ajuste direto, leu bem. Reunido à pressa na sexta-feira, o CA tratou de difundir o anúncio às 9h de sábado definindo um período de doze dias para a apresentação de propostas.
Invoca, para o efeito, o “interesse público relevante” e de tal maneira o é, na opinião daquele “grupo” de administradores e do Governo, que nem podem esperar trinta dias para conhecer a opinião do próximo Executivo. Pode ser que não seja, mas que cheira a “negociata” e não a interesse público, lá isso cheira!
É tudo tão irracional e inútil, porque vai ruir completamente se o próximo Governo for de sinal contrário, que não se entende. A atitude nem tão pouco teve em conta a opinião dos autarcas e foi, aliás, assumida contra eles. O negócio não será de tostões e surge, pois, a pergunta: qual é pressa?
Não fora isto suficiente, vem a questão da receita fiscal. O Governo publicita com exuberância os números para poder dizer que se tudo continuar assim a redução da sobretaxa do IRC em 2016 poderá ser diminuída em 25%.
Acontece que “A receita fiscal do Estado está a crescer quase 970 milhões de euros (ME) nos primeiros sete meses do ano, mais 4,9% do que em igual período de 2014. Este resultado só é possível devido ao comportamento dos reembolsos, que estão a cair 411 ME e que representam 42% da melhoria da receita líquida de impostos”.
Já o procedimento para a candidatura dos alunos do Ensino Superior a bolsas de estudo não merece tanta atenção. Teoricamente, desde a última semana de junho deveriam poder fazê-lo, mas, na prática, só agora é que foi libertado o acesso à plataforma de bolsas. São dois meses de atraso para mais de 60 mil bolseiros e sobre a matéria, neste caso, o Governo diz desconhecer que haja qualquer problema e não tem pressa.
Estes três exemplos são o paradigma da atuação frenética de Passos e Portas. Pensam que tudo pode ser feito, que as pessoas não dão conta e que todas as decisões, sobretudo as deste teor, escapam ao escrutínio público. Estão enganados.
Estas são boas notícias para as oposições, sobretudo para o PS, porque às medidas propostas por António Costa, sempre justificadas e quantificadas, sobrepõe-se a ausência de rigor e transparência do Executivo. E para o PS não há melhor cartaz do que estes deslizes do governo!

DV 2015.08.26

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