Há que ter cuidado
com o que se promete!
Entrámos na reta final para as eleições
legislativas. A esmagadora maioria das pessoas tem uma decisão assumida. A sua
opção decorre do modo como interpretaram estes quatro anos do governo e da
oposição.
A verdade é que quem vai votar tenderá a
escolher a solução mais fiável, mais segura e, sobretudo, vai atender à atitude
e ao caráter de quem se propõe assumir as funções de primeiro-ministro. O voto
será baseado na confiança ou na sua ausência.
As promessas eleitorais estão fora de moda. São
um constrangimento e não uma oportunidade, nomeadamente porque a atenção está
mais centrada no “olha para o que eu faço e não para o que eu digo” naquilo que
tem “suporte material e não alicerce verbal”.
Parece-me, pois, um erro clássico o Governo
falar em devolução de rendimentos para 2016 e seguintes, quando durante quatro
anos apenas fez aquilo a que foi obrigado pelo Tribunal Constitucional. Aos
juízes do Palácio Ratton – e apenas a eles - se ficaram a dever os subsídios de
férias e Natal bem como o impedimento de mais cortes cegos nos salários e nas
reformas.
O BE e o PCP não trazem surpresa. A sua
política tem por base o descontentamento. Provocá-lo é para esta esquerda uma
espécie de desporto nacional. Basta recordar, há quatro anos, quando votou ao
lado da direita contra o acordo que o Governo do PS celebrou com todos os
Chefes de Estado e de Governo, com a Comissão Europeia e com o Banco Central. A
“Troika” nasceu desse gesto irresponsável.
O PS apresentou, desde sempre, com anterior
secretário-geral, um caminho alternativo, trabalhado no LIPP pelas mesmas
mulheres e homens que hoje são coautores da Agenda para a Década, de António
Costa. E hoje todos reconhecem que esse caminho existe e é uma alternativa
válida.
Há, no entanto, que ter algum cuidado. O tom
proclamatório não pode sobrepor-se à realidade possível, nem o sentimento
distributivo pode existir para além da capacidade produtiva e criação de
riqueza. A solidariedade, a justiça social e o emprego precisam de ferramentas
estruturantes.
O aumento do consumo tem dias. Paradoxalmente,
é criticado e desejado por todos. O aumento do poder de compra das pessoas
estimula esse consumo, anima a economia, mas se não se aplicar à produção
nacional as importações disparam e as exportações não serão suficientes. A
equação é difícil, mas é que temos de enfrentar.
Por exemplo, “As vendas de carros em
Portugal dispararam mais de 30% no primeiro semestre de 2015, muito acima da
média da União Europeia (8,2%) ”. Estamos mais ricos do que a média da União
Europeia, pergunto eu? Ou voltou o tempo do crédito mais fácil?
Em quatro anos a nossa
dívida pública aumentou 60 mil milhões de euros e o défice da nossa balança
agravou-se este ano, até maio, em 911 M€. Para que o próximo primeiro-ministro
não tenha que repetir as desditas do atual, há que ter cuidado com o que se
promete!
DV
2015.07.29
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