Saem sondagens para todos os gostos, mas os
resultados para as legislativas tem uma constante: não há maiorias absolutas.
Isso, além de implicar várias dificuldades e tentativas de aliança, obriga a
algo verdadeiramente desafiador: ter em Belém alguém que saiba intervir sem
dividir, que seja firme sem ser intrusivo. Enfim, que tenha bom senso, a coisa
mais bem distribuída do mundo, uma vez que todos pensam ter mais do que o
suficiente, já dizia Descartes. Estaríamos, pois, descansados, acaso a frase
não fosse irónica.
Na frente presidencial, o que temos? Henrique
Neto e Paulo Morais sem apoios de partido; Sampaio da Nóvoa que no terreno não
parece impor-se; Maria de Belém, de quem se começou a falar (e que na sondagem
que hoje publicamos quase apanha o ex-reitor); Rui Rio, já proposto por
Balsemão e de quem se diz ser o preferido de Passos; Marcelo Rebelo de Sousa e
— last but not least — Santana.
Quem tem verdadeiras hipóteses? Sampaio da
Nóvoa parecia caso arrumado à esquerda, mas, por ora, só é apoiado pelo Livre,
o que é curto. Se Maria de Belém avançar, como parece ser o desejo de boa parte
do PS, e tendo em conta que é a ex-presidente do partido, cria uma dor de
cabeça a António Costa. É mais central, tem muito menos anticorpos e é mais
conhecida do que Nóvoa. Mas o PS ainda pode descartar o ex-reitor e apoiá-la?
Ou já se comprometeu de tal maneira (como Nóvoa deu a entender) que o mais que
pode fazer é não apelar ao voto?
À direita as coisas não são mais simples: o
mais popular, Marcelo, não sabe se converte a popularidade em votos; Santana,
apesar do novo look de avozinho sereno tem um passado que atrapalha. Rio também
não parece propriamente ser um homem talhado para grandes compromissos. É certo
que nenhum deles disse que avançaria, mas, penso eu, um deles, pelo menos, vai
querer marcar terreno antes das legislativas.
Os dois partidos do centro têm, assim, excesso
de candidatos. Acontece que a intriga interna e externa deste processo vai ter
o seu auge logo após as legislativas, quando se tentar formar um Governo, o que
é mau presságio. Seria possível um acordo, como em 1976 (e como Barroso, outro
presidenciável, propôs há tempos), apoiando uma personalidade consensual?
Isso é pedir muito! Vão todos continuar a
fingir que têm divergências insanáveis... e que o país aguenta tudo.
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