domingo, 19 de julho de 2015

BES - Arquivado inquérito do DIAP ao construtor José Guilherme

O construtor civil da Amadora que ofereceu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado não tinha comparecido à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES/GES. PGR diz que não há indícios de crime no caso

A história conta-se em poucas linhas. Em fevereiro, o construtor civil José Guilherme justificou a sua ausência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão do BES e do GES por motivos de doença, por ter residência oficial em Angola e por estar nessa altura a tratar de negócios naquele país. Mas entre 4 e 7 de março, o empresário da Amadora esteve em Portugal e não avisou os deputados. Nesses dias, a CPI estava a trabalhar e ouviu, por exemplo, Henrique Granadeiro. O caso levou a CPI a pedir ao Ministério Público para o investigar.
Quatro meses depois, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa decidiu arquivar "por insuficiência indiciária quanto à prática do crime", revela ao Expresso o gabinete da PGR. Isto significa que não há crime de desobediência por parte do homem que deu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado como presente pelos negócios em Angola.
A decisão não surpreende o deputado do PSD Fernando Negrão, que presidiu à CPI. "Era difícil haver uma acusação por não haver uma notificação direta do Parlamento a José Guilherme. Isto simplesmente porque a CPI desconhecia que ele vinha a Portugal naquela altura", diz ao Expresso.
O Expresso tentou contactar o advogado do construtor civil sem sucesso. Mas José Guilherme nunca fez declarações sobre o caso.
Os partidos queriam ouvir o construtor para perceber as razões pela qual tinha dado ao ex-presidente do BES uma quantia tão elevada de dinheiro. Em vez disso, José Guilherme respondeu por escrito, nunca comparecendo no Parlamento. Mas não esclareceu os deputados porque deu 14 milhões a Salgado, escudando-se no segredo de justiça. Na altura, o Expresso ouviu uma fonte próxima do empresário que garantia: "José Guilherme não pode falar sobre o presente de 14 milhões a Salgado" devido ao facto de o banqueiro "estar a ser investigado". (Hugo Franco)

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