O construtor civil da Amadora que
ofereceu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado não tinha comparecido à comissão
parlamentar de inquérito à gestão do BES/GES. PGR diz que não há indícios de
crime no caso
A história conta-se em poucas linhas. Em fevereiro, o
construtor civil José Guilherme justificou a sua ausência na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão do BES e do GES por motivos de doença,
por ter residência oficial em Angola e por estar nessa altura a tratar de
negócios naquele país. Mas entre 4 e 7 de março, o empresário da Amadora esteve
em Portugal e não avisou os deputados. Nesses dias, a CPI estava a trabalhar e
ouviu, por exemplo, Henrique Granadeiro. O caso levou a CPI a pedir ao
Ministério Público para o investigar.
Quatro meses depois, o Departamento de Investigação e
Ação Penal (DIAP) de Lisboa decidiu arquivar "por insuficiência indiciária
quanto à prática do crime", revela ao Expresso o gabinete da PGR. Isto
significa que não há crime de desobediência por parte do homem que deu 14
milhões de euros a Ricardo Salgado como presente pelos negócios em Angola.
A decisão não surpreende o deputado do PSD Fernando
Negrão, que presidiu à CPI. "Era difícil haver uma acusação por não haver
uma notificação direta do Parlamento a José Guilherme. Isto simplesmente porque
a CPI desconhecia que ele vinha a Portugal naquela altura", diz ao
Expresso.
O Expresso tentou contactar o advogado do construtor
civil sem sucesso. Mas José Guilherme nunca fez declarações sobre o caso.
Os partidos queriam ouvir o construtor para perceber
as razões pela qual tinha dado ao ex-presidente do BES uma quantia tão elevada
de dinheiro. Em vez disso, José Guilherme respondeu por escrito, nunca
comparecendo no Parlamento. Mas não esclareceu os deputados porque deu 14
milhões a Salgado, escudando-se no segredo de justiça. Na altura, o Expresso ouviu
uma fonte próxima do empresário que garantia: "José Guilherme não pode
falar sobre o presente de 14 milhões a Salgado" devido ao facto de o
banqueiro "estar a ser investigado". (Hugo Franco)
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