sexta-feira, 12 de junho de 2015

(Opinião) Tudo pelo governo, nada contra o Governo

Tudo pelo governo, nada contra o Governo

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o 10 de junho de 2015, celebrado no Douro Sul, em Lamego, foi o último de Cavaco Silva como Presidente da República.
Foi antecedido nas últimas duas semanas por um périplo pelo norte do distrito de Viseu a que já me referi num outro artigo. Enquanto em Moimenta da Beira e Tabuaço o tom dos seus discursos foi substantivo e centrado no elogio à motivação daqueles que ousam investir e trabalhar no interior, já em Penedono e S. João da Pesqueira se adivinhava a mudança de direção. Os encómios ao Governo e as críticas aos que dele discordavam marcaram presença.
Em Lamego, no dia 10 de junho, tudo foi mais objetivo: tudo pelo governo, nada contra o Governo. É a síntese possível. Não fora o discurso inconfundível de abertura de Elvira Fortunato, investigadora, cientista de prestígio internacional, e nenhuma mensagem de futuro teria ficado.
Ela que foi a presidente desta celebração, escolhida por Cavaco Silva, não esqueceu ninguém e lembrou sobretudo Mariano Gago para significar o quanto a investigação portuguesa progrediu sob o seu impulso e que, segundo a oradora, talvez tivesse sido o primeiro responsável por ela se encontrar ali hoje, ser o que é, como tantos colegas que encontraram nesses anos de mudança uma nova oportunidade para o futuro coletivo.
Mariano Gago, distinguido pelo Presidente República a título póstumo, foi evocado por Elvira Fortunato numa alusão em direto como se ele ainda ali estivesse, naquele espaço, junto de todos os presentes. E de certo modo esteve e estará sempre. Foi um momento único.
Esta grandeza de espírito, não correspondida, permite compreender que Ferro Rodrigues, no final, em declarações à comunicação social, tenha dito sobre as palavras de Cavaco Silva ter sido “menos aceitável um discurso totalmente colado àquilo que é a narrativa da atual coligação de direita sobre a crise, sobre a evolução do pós-crise e sobre a perspetiva futura, sobretudo porque estamos a muitas poucas semanas de eleições".
Sublinhando a oportunidade e justiça de muitas distinções, nomeadamente na área do empreendedorismo, da investigação e ciência, nos diferentes ramos das forças armadas, na atividade social, não quero deixar de me congratular com o reconhecimento feito aos autarcas, três dos quais ex-presidentes de câmara do norte do distrito de Viseu (Armamar, Sernancelhe e Resende). No entanto tudo teria sido mais completo, plenamente justo, se José Manuel Pereira Pinto, ex-presidente de Cinfães, tivesse sido lembrado.
Com efeito, não consigo esquecer quem herdou uma câmara em total degradação financeira e a reergueu, quem a tornou num exemplo de responsabilidade, quem tanto fez pelos equipamentos sociais e respetivas políticas inovadoras, quem modernizou toda a rede educativa e quem deixou a sua assinatura num novo centro de saúde com urgência básica, na Casa da Cultura, na biblioteca, no auditório multifunção e tantos outros espaços e equipamentos que qualificaram a vida dos cinfanenses. E tudo sem dividas. Outro dia virá!
DV 2015.06.10

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