A partilha de esforços para alcançar objetivos
comuns foi sempre uma atitude inteligente. O planeamento conjunto tende a
servir melhor e mais gente do que ações isoladas, desde que feito com seriedade.
Vi sempre, com sincero interesse, essa disponibilidade nomeadamente estre os
autarcas.
Quando os presidentes do PSD das capitais dos
distritos de Aveiro, Viseu e Guarda, se reuniram para discutirem a sempre nova
e tão falada ligação ferroviária entre o litoral e Vilar Formoso com estação em
Viseu ficou-me a ideia de um ciclo novo, virtuoso.
O mesmo sucedeu quando se reuniram os presidentes de
Viseu e Porto no mesmo sentido ou quando isso aconteceu com o de Coimbra por
causa da futura ligação rodoviária entre as duas cidades. Ainda que com 14
meses de atraso relativamente a uma iniciativa do PS (deputados, autarcas,
responsáveis políticos) não desvalorizei a diligência pese embora o facto de
connosco ter acontecido o contrário.
Compreendi as muitas notícias que por esses motivos
se produziram. Uma estratégia rodoferroviária, uma perspetiva multimodal de
mobilidade é algo demasiado importante para passar em claro. E a publicidade
promovida pela autarquia de Viseu – imensa nestes casos - para além de levar ao
conhecimento de terceiros o que direta ou indiretamente lhes diz respeito, tem
também a função de promessa e compromisso.
O caso mais recente envolveu novamente Viseu e
Porto, uma nova reunião dos dois autarcas, desta vez para aumentar o fluxo de
interesses recíprocos na área do turismo. Conheço Rui Moreira há muitos anos e
tenho dele a melhor impressão.
No entanto, um dia será necessário fazer uma
avaliação do trabalho desenvolvido, do fruto que realmente foi colhido. Só
assim poderemos emitir um juízo final sobre o realismo, verdade e mérito das
iniciativas do autarca de Viseu.
Acontece que, para já, e já lá vão quase quatro anos
de Governo de maioria PSD/CDS, dois dos quais vão coincidir com o atual mandato
autárquico, concluo que tudo quanto se fez e disse relativamente à ferrovia e à
rodovia foi chão que deu uvas. Nem comboio, nem ligação Viseu Coimbra.
O Governo lavou mesmo as mãos e preferiu lançar para
quem lhe sucedesse a responsabilidade de decidir. É grave, e mais grave ainda,
quando pela voz do secretário de estado dos Transportes ficámos a saber que na
ferrovia não há sequer uma opção estudada.
O primeiro-ministro veio dizer o mesmo em relação à
ligação a Coimbra sublinhando que nada será feito pelo Estado e que em matéria
de solução alternativa nada foi estudado. Só mesmo se forem privados a
financiar um traçado com portagens.
Não tive ocasião de ler ou sentir em Viseu o mesmo
som na comunicação social a propósito destes desaires resultantes de outros
tantos compromissos. Os latinos chamavam àquele que fazia pontes o “pontifex”, o pontífice.
Concluo que, afinal, Viseu tem um presidente prolixo, mas não tem “pontifex”.
DV 2015.05.27
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