Esta
sexta-feira o Papa Francisco conclui o segundo ano da sua eleição. Lançar um
olhar sobre o caminho percorrido é um exercício fundamental para se perceber
que uma mudança é sempre possível, desde que exista um requisito fundamental:
vontade de mudar.
Foi
isso que aconteceu. Jorge Mario Bergoglio é argentino, natural de Buenos Aires
e nasceu em 17 de dezembro de 1936. Fará 79 anos. É o novo Papa.
A
idade permitiu-lhe viver momentos muito difíceis em todo o mundo, nomeadamente
o da tragédia da segunda guerra mundial. Deu-lhe também a oportunidade de
partilhar o oposto, as oportunidades que foram oferecidas à paz, nomeadamente
com a construção de uma Europa, solidária, em que o homem voltou a ser o centro
da vida.
No
entanto, com o passar dos anos, a memória das pessoas perdeu-se nos
imediatismos da vida e as próprias ideologias, os valores humanistas,
rapidamente foram capturados pela força do dinheiro. O prazer maior pareceu
estar ao alcance de todos, mas de facto, como a história nos ensina,
cristalizou novamente numa minoria dominante.
Teresa
de Sousa, em entrevista a António Guterres, na sua qualidade de líder do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados, confrontou-o com um dado que considerou, e bem,
chocante: “ … o número de
refugiados e deslocados em 2014 é o maior desde o fim da II Guerra”. E o comentário de Guterres foi o
seguinte: “É verdade. No final de 2013 tínhamos
mais de 51 milhões de pessoas internamente deslocadas ou refugiadas por causa
de conflitos, o que aconteceu pela primeira vez desde a II Guerra Mundial. Só
que 2014 não vai ser melhor”.
A Europa não quis continuar a mudança. O mundo também não. Estamos num
regresso ao passado e a ser assim o futuro será sempre incerto. O motivo é
simples: não há vontade de mudar.
Olhemos novamente para o Papa Francisco
e sublinhemos alguns traços que ilustram o caminho percorrido e que Paulo
Rangel recordou em artigo recente: (…) Francisco é um homem que faz, (…) lava os pés
às mulheres muçulmanas, baptiza filhos de mães solteiras e de unidos de facto
(…) não se sente capaz de julgar os homossexuais (…) mostra preocupação com a
situação dos recasados, (…) recebe em audiência transexuais, insiste na
condenação do capitalismo desenfreado, mostra uma verdadeira obsessão pelos
mais pobres e excluídos, (…) verbera sem contemplações os casos de pedofilia no
clero, aproxima-se de judeus e muçulmanos e demais religiões (….).
Até há pouco estas eram mudanças
improváveis na Igreja. Tudo se explica por uma liderança forte, pela vontade de
compreender e respeitar, pela vontade de mudar. É exatamente isto que tem
faltado nos nossos dias, lideranças fortes e vontade de mudar. Ficam como
desafio à política os dois anos de caminho do Papa Francisco.
DV 2015.03.10
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