A recolha de informação, feita pelos
parlamentares do PS, na área do ACES Dão-Lafões, relativa ao acesso das pessoas
aos cuidados de saúde, revela, entre outros dados, que serão mais de 30 mil os
utentes que ainda não têm "médico de família".
A existência de um número insuficiente de
profissionais, de norte a sul do país, é um denominador comum a todos os
problemas que têm vindo a desqualificar o SNS. No ACES Dão-Lafões,
infelizmente, a realidade não é diferente. E os problemas também não.
O governo, através do ministro da Saúde, tem
demonstrado não estar à altura das exigências dos nossos dias. Em vez de
prevenir, Paulo Macedo esgota-se no exercício de "remediar". E a tudo
responde com averiguações e inquéritos cujos resultados nunca viram a luz do
dia.
Desde finais de 2012 que notícias sobre a morte
de utentes por impossibilidade de um atendimento eficiente, passando pela crise
das urgências, bem como pela falta de medicamentos, atingiram o seu limite com
o drama da Hepatite B.
A morte de pessoas, pelo facto do governo lhes
negar medicação existente no mercado, é inadmissível. O primeiro-ministro teve
até uma "tirada" infeliz ao dizer que salvar vidas sim, mas não a
qualquer preço. Pela primeira vez, num “Estado de Direito”, um governo
assume que uma vida tem preço.
Voltámos a um tempo, anterior à democracia e à
fundação do SNS, em que só os ricos tinham direito à saúde. Quem puder pagar
paga, quem não puder paciência!
Durante estes quatro anos de governação PSD/CDS
a reforma na Saúde foi sempre motivo de primeiras páginas, mas nunca se
concretizou. Os cuidados primários são reafirmados como essencias, mas na
prática continuam esquecidos. A sua articulação com os cuidados hospitalares e
continuados é uma miragem.
Falta de médicos, de enfermeiros e demais
profissionais, vitais ao bom funcionamento do SNS, é uma constante. O ministro
falou na abertura de concursos, mais uma vez tarde, proclamando a intenção de
preencher 2 mil vagas, mas só proclamou, e há poucos dias até começou a falar de
num incentivo monetário para a fixação no interior. Nos últimos quatro meses de
governo promete-se tudo o que não foi feito em quatro anos.
Mais de 30 mil pessoas não têm acesso a médico
de família no ACES Dão-Lafões, referi inicialmente. Mesmo que agora houvesse a
abertura de concursos e colocação de profissionais o problema iria subsistir
durante bastante tempo.
A questão que me domina neste momento – a vida
ensina-nos muito - é que desconfio convictamente que o ACES Dão-Lafões não vai
ser beneficiado com o preenchimento dos lugares necessários e ou me engano
muito, oxalá que sim, ou não teremos a média de mais de um médico por concelho
e, por isso, a falta vai permanecer.
Quando se discute a descentralização de competências
para as autarquias há pelo menos uma que já lá está: o direito e a obrigação
dos autarcas reclamarem melhores cuidados de saúde aos seus munícipes. É isso
que estão a fazer os deputados eleitos pelo PS: exigir mais médicos de família
no ACES Dão-Lafões.
DV 2015.02.18
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