1. «Apesar da minha insistência, nunca, em nenhum momento, nem
a acusação nem o juiz foram capazes de me dizer quando e como é que fui
corrompido».
José Sócrates revela, em exclusivo à
TVI, que não foi confrontado, durante o interrogatório do juiz Carlos
Alexandre, com factos concretos relativos aos três crimes que está indiciado:
corrupção, branqueamento de capitais e fuga ao fisco agravada. Detido no
Aeroporto de Lisboa à chegada de Paris, José Sócrates foi interrogado durante
três dias pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Investigação
Criminal, tendo-lhe sido decretada prisão preventiva.
2. «A
corrupção em nome da qual me sujeitaram à infâmia desta prisão preventiva é uma
pura invenção, uma "hipótese de trabalho" teórica da investigação, um
crime presumido».
O ex-primeiro-ministro assume-se
inocente relativamente a todos os crimes de que é indiciado, acusando o
Ministério Público de inventar os pressupostos dos crimes.
3. «No caso de João
Perna, tratou-se, patentemente, de utilizar a prisão para aterrorizar uma
pessoa que julgavam vulnerável de modo a tentar obter sabe-se lá que
informação».
Sócrates acusa a Justiça de ter injustamente
detido o seu motorista como forma de obter deste informações para servirem à
acusação. Depois de preso preventivamente, recorde-se que João Perna está em
casa desde a véspera do Natal, com pulseira eletrónica, após ter sido ouvido, a
seu pedido, pelo Ministério Público.
4. «Confirmo,
sem qualquer problema, que face a algumas dificuldades de liquidez que
atravessei em certos momentos, sobretudo desde que tive parte da minha família
em Paris e eu próprio vivi entre Lisboa e aquela cidade, recorri várias vezes a
empréstimos que o meu amigo Carlos Santos Silva me concedeu para pagar despesas
diversas».
José Sócrates assume que teve de
enfrentar dificuldades financeiras que foram resolvidas com empréstimos do
amigo Carlos Santos Silva. E assume que este várias vezes lhe emprestou
dinheiro. De acordo com o que tem sido publicado na comunicação social, Carlos
Santos Silva seria o testa de ferro de Sócrates, tendo em seu nome entre cerca
de 20 milhões de euros que seriam comissões por contratos milionários obtidos
durante o tempo em que o seu amigo era primeiro-ministro.
5. «A
afirmação de que o dinheiro dele é meu é simplesmente absurda e não tem
qualquer fundamento».
José Sócrates considera esta tese
absurda e, aliás, uma «invenção» que está na base da acusação de que se diz
vítima.
6. «Nunca o
meu motorista foi a Paris; nunca me levou nenhuma mala de dinheiro; e nunca o
meu carro foi além de Espanha (onde fui passar curtos períodos de férias e
pouco mais)».
Foi publicado na imprensa que o motorista
de Sócrates foi várias vezes a Paris para lhe fazer chegar avultadas quantias
de dinheiro que eram transportadas em malas.
7. «Durante a
minha permanência em Paris, entre outras soluções em apartamentos que aluguei e
em aparthoteis em que fiquei, houve um período de apenas 10 meses em que, a
convite do meu amigo Engº Carlos Santos Silva, residi num apartamento que ele
ali comprou como investimento imobiliário».
Segundo o que a imprensa publicou, José
Sócrates seria o dono de um apartamento comprado por mais de dois milhões de
euros, numa zona rica da capital francesa. O imóvel, no entanto, estaria em
nome do amigo Carlos Santos Silva, que seria o testa de ferro para os negócios
do ex-PM. Sócrates assume que chegou a viver no referido apartamento, mas apenas
por empréstimo, durante um tempo limitado.
8. «Do
dinheiro da venda, a minha mãe, como é seu direito e é normal entre pais e
filhos, fez-me doação dos 75% que podia dar-me em vida (sendo eu filho único,
depois do falecimento dos meus dois irmãos)».
As casas que a mãe de José Sócrates
vendeu, como por exemplo, o apartamento no edifício de luxo Heron Castilho, em
Lisboa, foram adquiridas pelo amigo Carlos Santos Silva. Seriam vendas de
fachada, conforme a acusação do Ministério Público, em referências várias
publicadas na imprensa. Sócrates vem aqui assumir que estas vendas foram uma
forma do amigo Carlos Santos Silva o ajudar face às dificuldades financeiras
por que passava.
9. «Carlos e
Rui fazem negócios; Carlos e Rui são amigos de José; logo, José está envolvido
nos negócios».
José Sócrates foi acusado de ter tido
negócios na área do futebol com Rui Pedro Soares, presidente da SAD do
Belenenses, ex-administrador da Portugal Telecom, alegadamente envolvido em
escutas dos processos «Face Oculta» e «TagusPark». Ministério Público suspeita
que Carlos Santos Silva tenha usado dinheiro de José Sócrates para investir no
negócio de direitos televisivos da liga espanhola. Rui Pedro Soares já
confirmou a existência de negócios com Carlos Santos Ferreira, nomeadamente o
financiamento de dois milhões de euros à Worldcom com vista à aquisição dos
direitos televisivos referidos.
10. «Mas já
disse e mantenho: este processo, pela sua natureza, tem contornos políticos. E
digo mais: este processo é, na sua essência, político».
Não havendo, segundo Sócrates, matéria
criminal, resta concluir que se trata de um processo político. Já vários o
disseram. O primeiro foi o próprio Mário Soares, que já visitou Sócrates por
duas vezes no Estabelecimento Prisional de Évora, onde se encontra detido.
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