"Um grupo de Vila Nova de São
Bento, concelho de Serpa, interpretou cante alentejano, depois de ser aprovado
esta sexta-feira um voto de congratulação, por unanimidade, pela inscrição
daquela expressão cultural como património imaterial da humanidade. Foi um
momento raro no plenário, já que estas actuações costumam estar associadas às
comemorações do 25 de Abril.
O grupo esteve nas galerias do plenário e actuou logo que o voto
foi aprovado. A proposta de trazer um grupo coral de Cante Alentejano ao
plenário partiu da bancada do PCP e foi aceite pela Presidente da Assembleia da
República, Assunção Esteves.
No
voto, a Assembleia da República “congratula-se pela decisão do reconhecimento do
Cante Alentejano como património
imaterial da Humanidade tomada
pela Unesco”, no passado dia 27 de Novembro.
“A
Assembleia da República felicita de forma destacada todos os grupos corais
existentes pelo país e no estrangeiro, pelo seu insubstituível papel de
repositório e divulgação deste património e felicita o povo alentejano por
sabiamente ter criado, preservado e desenvolvido esta manifestação cultural,
cujo reconhecimento pela Unesco engrandece a cultura popular e o país”, lê-se
no voto.
O
cante alentejano é descrito como uma “expressão cultural e sentida" e “a
marca característica de um povo humilde que foi transformando a sua vida, as
suas lutas, dificuldades e alegrias em cante e em modas”.
Segundo
o mesmo voto, o processo de candidatura incentivou o surgimento de novos e
jovens grupos de cantadores". (Público, Sofia Rodrigues)
Nota da Wikipédia
"O Cante
Alentejano é um género musical
tradicional do Alentejo, Portugal. O cante nunca foi a única expressão
de música tradicional no Alentejo, sendo aliás mais próprio doBaixo Alentejo que do Alto.
Com o cante coexistiram sempre formas instrumentais de música com adaptação de peças entre os géneros.
A 27 de Novembro de 2014, durante a reunião
do Comité em Paris,
a UNESCO considerou
o Cante Alentejano como Património
Cultural Imaterial da Humanidade.1
É um canto coral, em que alternam um ponto a
sós e um coro, havendo um alto preenchendo as pausas e
rematando as estrofes. O
canto começa invariavelmente com um ponto dando a deixa, cedendo o lugar ao alto e
logo intervindo o coro em que participam também o ponto e
o alto. Terminadas as estrofes, pode o ponto recomeçar
com um nova deixa, seguindo-se o mesmo conjunto de estrofes. Este ciclo
repete-se o número de vezes que os participantes desejarem. Esta característica
repetitiva, assim como o andamento lento
e a abundância de pausas contribuem para a natureza monótona do
cante.
No cante
sobrevivem os modos gregos extintos tanto na música erudita como na popular europeia, as quais restringem-se aos
modos maior e menor. 2 Esta
face helénica do canto poderá provir tanto do canto gregoriano como
da cultura árabe, se bem que certos musicólogos se apercebam no cante de aspectos bem mais
primitivos, pré-cristãos e possivelmente mesmo pré-romanos. 3 Antigamente
o cante acompanhava ambos os sexos nos
trabalhos da lavoura.
Público era também o cante nos momentos masculinos de
ócio e libação, seja em quietude, seja em percurso nas ditas arruadas. Público ainda era o cante mais solene das
ocasiões religiosas. Outro cante existia no domínio doméstico, onde era exercido principalmente por mulheres e
no qual participariam também meninos.4"
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