O
provimento de lugares por concurso nas administrações central e local não é
tratado de forma transparente. Subsistem mais as dúvidas do que as certezas.
Entre nós, talvez o caso mais emblemático, tivesse sido o paradoxo na
“nomeação” - por “escolha” - do diretor do Centro Regional de Segurança Social.
Como
na altura escrevi, o atual titular, ex-presidente da câmara de Vouzela, foi
nomeado interinamente alguns dias antes de terminar o concurso para o cargo que
agora ocupa. Depois, através de regra definida pelo Governo, um júri fez uma
seleção, não do melhor, mas dos três que teoricamente poderiam estar nessa
condição. O membro do Governo, agora, substitui-se ao júri, e “escolhe” não o
resultado de uma “prova cega”, mas o que politicamente lhe convém. Tudo para poder
gritar o slogan “Vivam os concursos, acabaram as nomeações”
Outro
exemplo: nos lugares de administração onde houve provimento por concurso
público o Governo fez novas leis orgânicas (um clássico) para remover quem
estava e, sendo o caso, realizar nomeações interinas de pessoas da sua
confiança política. Os centros de emprego de S. Pedro do Sul e Lamego são dois
exemplos concretos.
Nas
autarquias as coisas não são melhores. Não falando na vida dos outros, mas na
nossa, façamos um breve olhar para a autarquia de Viseu. E, sem confundir a
árvore com a floresta, sabemos bem o que vemos. No provimento de lugares
persistem mais as dúvidas do que as certezas. E a atitude é transversal e
generalizada em outras autarquias.
Foi
neste contexto que relativamente aos concursos e modo de provimento de lugares,
nomeadamente na última reunião de câmara, os vereadores do PS produziram esta
declaração de voto:
"Os vereadores do PS votaram contra os dois procedimentos concursais, porque sistematicamente se prorrogam no tempo. A prorrogação
deve ser exceção e não regra. O recurso a empresas de trabalho temporário deve
ser exceção e não regra. Os membros de um júri são autónomos, mas devem ter
prazos a cumprir, que devem estar bem definidos e regulamentados. E não se
compreende a abertura de concursos se não existirem vagas autorizadas para
provimento legal, alegação a que frequentemente se recorre"
Com efeito, houve muita gente que respondeu a concursos
abertos pela autarquia e que ficou frustrada pela repentina alteração de regras
ou prorrogação de prazos.
As desculpas recorrentes têm como consequência a limitação de
acesso a todos os bem-intencionados, genuinamente convictos de que um novo
ciclo traria consigo uma nova atitude.
De facto, através da pior das
experiências, perceberam que não tendo o estatuto de amigo, correligionário ou
familiar, tudo lhes é mais difícil. Mudam-se as regras para que tudo fique na
mesma!
DV 2014-10-29
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