sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O PS continuará a liderar os desafios da inovação

Nenhuma das eleições internas no PS é objeto de comparação com as primárias. Estas são uma inovação em Portugal e envolvem um universo que vai muito para além dos militantes socialistas, mas não para muito longe de uma capacidade dos simpatizantes votarem no PS nos momentos em que a ele ficam unidos pela esperança e pela confiança.
Em Viseu distrito as primárias tiveram quatro vezes mais eleitores do que as internas para a federação, mesmo com dois protagonistas em disputa. Não é para comparar o incomparável, nem pôr em causa a força e validade das duas, mas para sublinhar que as primeiras aproximaram mais os eleitores da participação. Como se sabe, e é natural, o universo interno restringe-se aos inscritos ativos que pagaram quotas.
E aos inscritos inativos, os que não pagam desde 2010, a quem foi dada a oportunidade de votarem nestas primárias, ficou claro que não quiseram aproveitar este momento. De um universo global com mais de 12000 eleitores, era esse sensivelmente o número de boletins existente, 7500 votantes foram às urnas, mas apenas 591 pertenciam aos inativos que exerceram os seus direitos. Destes, por exemplo, entre centenas no concelho de Viseu, apenas 77 votaram. Significa, pois, que foi aos simpatizantes que coube a tarefa de fazer a mudança.
Aproximar os cidadãos da política é um desejo que todos proclamam, mas que, até hoje, só o PS conseguiu materializar. E de forma exemplar! António José Seguro ficará ligado a esta mudança, não só porque a protagonizou, mas porque também foi vítima dela.
Os partidos tardam em fazer esta abertura, porque quando esta acontece os “sindicatos de voto” são diluídos pela vontade de outras maiorias. Uma coisa é a opinião interna e outra, bem diferente, é a opinião pública. E esta é bem distinta da opinião publicada, tal como a história nos recorda permanentemente.
Creio, pois, que seria interessante discutir se para a escolha de uma lista de deputados o PS poderia equacionar a possibilidade de voltar a chamar os simpatizantes a essa responsabilidade. Afinal, a representatividade pública de um deputado pode ser bem diferente da interna ou até coincidir com esta.
Penso que a exposição pública dos militantes socialistas seria mais estimulada e, de algum modo, aqueles que aparecem do nada ou dos jogos de poder sentir-se-iam na obrigação da fazer algo que lhes merecesse notoriedade e reconhecimento. Esta é maneira de acabar com a  velha política.
No fundo e no fim, a nova lei eleitoral de que tanto se fala, considerando círculos uninominais e um círculo nacional, poderia ser uma primeira resposta para a mudança do sistema eleitoral, possibilidade que só é materializável se na Assembleia da República se estabelecer um amplo consenso.
Creio que o PS, internamente, no seu congresso e estruturas, não deixará de fazer este debate. Os problemas da democracia resolvem-se com mais democracia. O PS continuará a liderar os desafios da inovação.

Dv 2014-10-01

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