sexta-feira, 12 de setembro de 2014

(Opinião) Seguro marcou pontos

António José Seguro marcou na história da nossa democracia e do Partido Socialista a primeira grande mudança no sistema político e partidário com a introdução de eleições primárias.
Neste caso concreto terão como objetivo escolher quem vai ser o candidato a primeiro-ministro pelo PS, atribuindo à sociedade civil, aos simpatizantes, a capacidade de tomarem parte na decisão. É a reaproximação das pessoas à política.
Creio que a metodologia veio para ficar e Portugal, através do PS, vai juntar-se ao conjunto de países onde esta prática já existe com maior ou menor tradição. É, sem dúvida, uma mudança substantiva que merece ser reconhecida e aperfeiçoada.
Os debates entre os candidatos, neste contexto, serão obrigatórios, prática democrática normal, e não algo que alguém possa recusar ou dilatar no tempo. Ao escrever este texto ainda não aconteceu o segundo debate entre António José Seguro e António Costa. Não sei como vai decorrer, mas será tão útil como o primeiro.
Útil para o público em geral e não só para os militantes e simpatizantes. As escolhas fazem-se a partir das ideias, das alternativas, do perfil e dos valores. As pessoas querem soluções concretas e não quezílias estéreis, sobretudo em tempos de dificuldade onde o crescimento, o emprego e as preocupações sociais são uma dominante.
Com efeito, o tempo das proclamações já lá vai. Os eleitores estão mais exigentes. E ainda bem! A plastificação do estilo não resultará, mas não ignoro que a imagem e a atitude fazem também a diferença. E muito!
Os jornalistas, com razão, qualificaram este primeiro debate como “histórico”. E o interesse foi enorme. Todas as televisões, com quatro comentadores cada, passaram largas horas a analisar o que foi dito. E a verdade é que as atuais opiniões preconceituosas de alguns também passaram pelo crivo da opinião pública. Não foram escrutinados só os dois protagonistas. Os comentadores também.
Tal como eu, muitas pessoas aguardavam este momento, que António Seguro sempre desejou que acontecesse mais cedo. Percebi que António Costa surpreendeu por não corresponder ao excesso de confiança dos seus apoiantes. Talvez tivessem expetativas demasiado elevadas.
Oxalá ontem alguns tenham aprendido alguma coisa. Seguro estava mais seguro e melhor preparado. Marcou pontos.

DV 2014-09-10

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