sábado, 27 de setembro de 2014

(Opinião) - Entendam-se!

Em Viseu, o dia do município foi assinalado, pela primeira vez desde há muitos anos, fora do calendário da Feira de S. Mateus. Estive de acordo com essa decisão. Em regra, a data de 21 de setembro é aproveitada para agraciar aqueles que se distinguiram pelo trabalho em prol do seu concelho ou que pela sua vida e exemplo contribuíram para o prestígio do mesmo.
Este ano não fugiu à regra e teve mesmo no desporto, com a meia maratona, a mais participada de sempre, uma valorização acrescida. No entanto, o dia ficou marcado não pela presença de tantas pessoas, mas pela ausência de uma: Fernando Ruas.
Não é minha intenção especular sobre a matéria, mas sempre devo confessar que estes “quid pro quo” podiam e deviam ser evitados. E não seria difícil se todos interpretassem, em cada momento, o seu estatuto. Fernando Ruas é deputado europeu e Almeida Henriques presidente da câmara.
O primeiro não retirou vantagem com uma saída que quis fazer constar, até à exaustão, como provisória. Voltaria ao lugar que ocupara – insinuava - dentro de quatro anos.
E o segundo, com compreensível razão, não gostou e tem procurado consolidar-se na opinião pública sublinhando, em cada momento, o que de bom faz a “sua câmara” por oposição ao que a “outra” não fez. E a invulgar intensidade com que utiliza a comunicação social fará com que, mais cedo do que tarde, a imagem do seu antecessor se vá diluindo.
Como se isso não fosse suficiente, acabei por perceber, com surpresa, quando encontrei Fernando Ruas no Sátão, para receber o primeiro-ministro, que isso se ficava a dever ao convite do respetivo edil, e que não estivera em Viseu por não ter sido objeto de atitude idêntica. Almeida Henriques mostrava assim quem manda.
Por outro lado, a atribuição do Viriato de Ouro, aprovada por unanimidade, poderia ter sido objeto de uma cerimónia mais personalizada, digna, portanto, da projeção a que o galardoado se julga com direito. Não creio, no entanto, que se tiver sido este o “leitmotiv” da ausência a razão lhe assista.
O mérito de alguém nunca se consegue com a desvalorização do mérito de outro, mas também é verdade que saber entrar é tão importante como saber sair. Entendam-se!

DV 2014-09-24

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