Em
Viseu, o dia do município foi assinalado, pela primeira vez desde há muitos
anos, fora do calendário da Feira de S. Mateus. Estive de acordo com essa
decisão. Em regra, a data de 21 de setembro é aproveitada para agraciar aqueles
que se distinguiram pelo trabalho em prol do seu concelho ou que pela sua vida
e exemplo contribuíram para o prestígio do mesmo.
Este
ano não fugiu à regra e teve mesmo no desporto, com a meia maratona, a mais
participada de sempre, uma valorização acrescida. No entanto, o dia ficou
marcado não pela presença de tantas pessoas, mas pela ausência de uma: Fernando
Ruas.
Não
é minha intenção especular sobre a matéria, mas sempre devo confessar que estes
“quid pro quo” podiam e deviam ser evitados. E não seria difícil se todos
interpretassem, em cada momento, o seu estatuto. Fernando Ruas é deputado
europeu e Almeida Henriques presidente da câmara.
O
primeiro não retirou vantagem com uma saída que quis fazer constar, até à
exaustão, como provisória. Voltaria ao lugar que ocupara – insinuava - dentro
de quatro anos.
E
o segundo, com compreensível razão, não gostou e tem procurado consolidar-se na
opinião pública sublinhando, em cada momento, o que de bom faz a “sua câmara”
por oposição ao que a “outra” não fez. E a invulgar intensidade com que utiliza
a comunicação social fará com que, mais cedo do que tarde, a imagem do seu
antecessor se vá diluindo.
Como
se isso não fosse suficiente, acabei por perceber, com surpresa, quando
encontrei Fernando Ruas no Sátão, para receber o primeiro-ministro, que isso se
ficava a dever ao convite do respetivo edil, e que não estivera em Viseu por
não ter sido objeto de atitude idêntica. Almeida Henriques mostrava assim quem
manda.
Por
outro lado, a atribuição do Viriato de Ouro, aprovada por unanimidade, poderia
ter sido objeto de uma cerimónia mais personalizada, digna, portanto, da
projeção a que o galardoado se julga com direito. Não creio, no entanto, que se
tiver sido este o “leitmotiv” da ausência a razão lhe assista.
O
mérito de alguém nunca se consegue com a desvalorização do mérito de outro, mas
também é verdade que saber entrar é tão importante como saber sair.
Entendam-se!
DV
2014-09-24
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