Passos
Coelho e Paulo Portas, com destaque para o vice-primeiro-ministro, iniciaram,
desde esta primavera, uma campanha de “boas notícias” para a economia
portuguesa e o emprego. O objetivo não tem sido apenas o de dissimular os dados
reais, preocupantes, do Eurostat, do INE ou da UTAO. Mais do que isso, a ideia
principal é a de justificar que a austeridade estava certa e valeu a pena. É um
erro, no meu entender, tentar dizer às pessoas o que elas não sentem.
Ainda
hoje, o INE, revela que a economia portuguesa está a regredir. Por exemplo, o
Índice de “Volume de Negócios no Comércio a Retalho” desacelerou em junho,
passando de uma variação homóloga de 1,8% em maio para 0,1%. Comparando com o
mês anterior, este indicador, deflacionado, registou uma redução de 1,3% em
junho.
Outro
dado, também conhecido hoje, o do “Índice de Produção Industrial”: apresentou
uma variação homóloga de -0,2% em junho (0,2% em maio).
Se
a estas notícias adicionarmos as anteriores, das fontes oficiais referidas,
verificamos que estamos pior e que só assim se explica que a percentagem de
endividamento do país, com esta maioria de direita, tenha passado de 94 para
133 por cento. E o mais trágico é que não há nenhuma nova obra. Apenas
endividamento.
Tudo
isto se reflete na saúde. Há dias tivemos o episódio do hospital universitário
de S. João, com a demissão em bloco de mais de seis dezenas de dirigentes. O
Governo recuou, refinanciou e restituiu alguma autonomia de gestão aos
profissionais. Tudo pela força!
Ao
escrever estas linhas não esqueço o abaixo-assinado, dado à estampa pela
comunicação social, dos profissionais do hospital Garcia da Horta que revela,
tal como há cerca de dois meses pude constatar em audição pública, no Algarve,
falta de recursos humanos e materiais para poderem ser assegurados cuidados
fundamentais aos utentes do SNS.
Em Viseu, no Centro
Hospitalar, no passado mês de Junho, e passo a citar “…uma representação da OE, liderada pelo
próprio Bastonário, Germano Couto, realizou visitas institucionais a vários
serviços, e a situação encontrada foi de não preenchimento da maioria dos
requisitos considerados necessários ao seu funcionamento”.
Disse
Bastonário " … ou são contratados
enfermeiros, ou o hospital terá de abater camas de internamento, para as
adequar ao número de profissionais de que dispõe, e que estão estabelecidas
como dotação segura".
Continuando a
citar, "A Ordem dos Enfermeiros
defende veementemente o fecho de camas neste hospital, porque não é possível
prestar cuidados com falta de enfermeiros, sem lesar as populações".
A degradação
do SNS já atinge todo o país. Não se perdoa a um governo e a um ministro (que
cortaram mais 61% do que era exigido no memorando), esta incompetência funcional.
Não fosse o esforço de todos os profissionais e a situação vivida seria ainda
mais insustentável. Será que para a resolver, também no nosso Centro
Hospitalar, é necessário exprimir uma maior indignação profissional e cívica?
DV
2014-07-30
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