sexta-feira, 1 de agosto de 2014

(Opinião) Centro Hospitalar … exprimir uma maior indignação profissional e cívica?

Passos Coelho e Paulo Portas, com destaque para o vice-primeiro-ministro, iniciaram, desde esta primavera, uma campanha de “boas notícias” para a economia portuguesa e o emprego. O objetivo não tem sido apenas o de dissimular os dados reais, preocupantes, do Eurostat, do INE ou da UTAO. Mais do que isso, a ideia principal é a de justificar que a austeridade estava certa e valeu a pena. É um erro, no meu entender, tentar dizer às pessoas o que elas não sentem.
Ainda hoje, o INE, revela que a economia portuguesa está a regredir. Por exemplo, o Índice de “Volume de Negócios no Comércio a Retalho” desacelerou em junho, passando de uma variação homóloga de 1,8% em maio para 0,1%. Comparando com o mês anterior, este indicador, deflacionado, registou uma redução de 1,3% em junho.
Outro dado, também conhecido hoje, o do “Índice de Produção Industrial”: apresentou uma variação homóloga de -0,2% em junho (0,2% em maio).
Se a estas notícias adicionarmos as anteriores, das fontes oficiais referidas, verificamos que estamos pior e que só assim se explica que a percentagem de endividamento do país, com esta maioria de direita, tenha passado de 94 para 133 por cento. E o mais trágico é que não há nenhuma nova obra. Apenas endividamento.

Tudo isto se reflete na saúde. Há dias tivemos o episódio do hospital universitário de S. João, com a demissão em bloco de mais de seis dezenas de dirigentes. O Governo recuou, refinanciou e restituiu alguma autonomia de gestão aos profissionais. Tudo pela força!
Ao escrever estas linhas não esqueço o abaixo-assinado, dado à estampa pela comunicação social, dos profissionais do hospital Garcia da Horta que revela, tal como há cerca de dois meses pude constatar em audição pública, no Algarve, falta de recursos humanos e materiais para poderem ser assegurados cuidados fundamentais aos utentes do SNS.
Em Viseu, no Centro Hospitalar, no passado mês de Junho, e passo a citar …uma representação da OE, liderada pelo próprio Bastonário, Germano Couto, realizou visitas institucionais a vários serviços, e a situação encontrada foi de não preenchimento da maioria dos requisitos considerados necessários ao seu funcionamento”.
Disse Bastonário " … ou são contratados enfermeiros, ou o hospital terá de abater camas de internamento, para as adequar ao número de profissionais de que dispõe, e que estão estabelecidas como dotação segura".
Continuando a citar, "A Ordem dos Enfermeiros defende veementemente o fecho de camas neste hospital, porque não é possível prestar cuidados com falta de enfermeiros, sem lesar as populações".
A degradação do SNS já atinge todo o país. Não se perdoa a um governo e a um ministro (que cortaram mais 61% do que era exigido no memorando), esta incompetência funcional. Não fosse o esforço de todos os profissionais e a situação vivida seria ainda mais insustentável. Será que para a resolver, também no nosso Centro Hospitalar, é necessário exprimir uma maior indignação profissional e cívica?
DV 2014-07-30

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