Jornalista e
antigo diretor da TSF, SIC e RTP não resistiu a um cancro na bexiga. Tinha 66
anos.
O combate à doença fez com que Emídio Rangel se tenha afastado do espaço
mediático no último ano, depois de ter deixado de ser comentador político na
RTP Informação. Desde aí, as últimas informações profissionais que tornou
públicas foram o cargo de consultor do canal Afro Music Network para os países
lusófonos, que aceitou no final de 2013.
A sua carreira profissional foi iniciada em Angola - país onde nasceu -,
como jornalista na Rádio Club de Huíla. Naquele país trabalhou também na Rádio
Comercial de Angola, antes de regressar a Portugal, em 1975. No ano seguinte
entrou nos quadros da RDP, onde se manteve até 1988, ano em que integrou a
equipa fundadora da TSF.
O reconhecimento pelo trabalho desempenhado nesta estação de rádio
valeu-lhe, três anos depois, o convite de Francisco Pinto Balsemão para assumir
a direção de informação da SIC, o primeiro canal privado de televisão em
Portugal, que a Impresa se preparava para lançar.
"O convite inicial era para diretor de informação, mas com a saída da
Maria Elisa do projeto assumi também a direção de programas. Em televisão faz
sentido abarcar a totalidade das responsabilidades editoriais num meio: uma
televisão não se limita a dar entretenimento nem a informar. As coisas não são
totalmente estanques, tem de haver uma lógica comum", recordou Rangel, a
propósito desse período, numa entrevista em março deste ano ao jornal i.
A liderança absoluta de audiências da SIC durante quase uma década foi uma
das grandes coroas profissionais de Rangel. Mas o crescimento da TVI no virar
do milénio, com o fenómeno Big Brother a potenciar o sucesso da aposta nas telenovelas
portuguesas, viria a quebrar esse ciclo. E pouco depois, Rangel acabaria também
por deixar a SIC.
"A SIC podia ter isso (o Big Brother) em exclusivo, mas eu considerei
que aquele formato não era realizável no modelo da SIC. Nós devíamos ter comprado
para pormos na gaveta e ganharmos algum tempo para poder arranjar alguma coisa
que pudesse contrabalançar isso. Para mim, o Big Brother não era exibível na
SIC porque afetaria a credibilidade do resto da estação", recordou na
mesma entrevista ao i, assumindo a importância deste formato na inversão de
ciclo entre a SIC e a TVI.
Depois de sair da SIC, aceitou em 2001 o convite para o cargo de
diretor-geral da RTP. Mas não ficou muito tempo na empresa pública: em 2002, no
âmbito do profundo processo de reestruturação iniciado na empresa pelo então
governo PSD-CDS liderado por Durão Barroso, é convidado a negociar a sua saída
da empresa.
Em 2008 esteve ligado - com um grupo de outros profissionais que incluía
Carlos Pinto Coelho - ao projeto de criação de um novo canal de televisão de
sinal aberto, a Telecinco, onde estava previsto que assumisse o cargo de
diretor do canal. O projeto, que participou no concurso para o lançamento de um
novo canal de sinal aberto lançado pelo Governo de Sócrates para aumentar a
oferta na futura plataforma de Televisão Digital Terrestre (TDT) acabou, no
entanto, inviabilizado com o chumboda Entidade Reguladora para a Comunicação
Social aos dois projetos a concurso.
O último projeto nos media em que esteve publicamente envolvido foi a
tentativa de criação de um novo grupo de media com o antigo administrador da
PT, Rui Pedro Soares. O lançamento de um semanário foi um dos projetos
ponderados para este novo grupo, que acabou por não avançar por falta de
financiamento.
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