Pelos dados do INE hoje apresentado[1] a taxa de desemprego no 2º trimestre de 2014 regista os 13,9%, atingindo 728,9 mil desempregados. Uma redução de -2,5pp e menos 137,4 mil
desempregados em relação ao trimestre homólogo. Uma redução de -1,2 pp e menos 59,2 mil
desempregados em relação ao 1º trimestre de 2014.
Constata-se que nos últimos 3 meses foram criados
114 vezes mais empregos que na média dos 3 últimos trimestres de 2013.
Só os programas de estágios podem fazer atingir
estes níveis de emprego. Medidas de Emprego, Formação Profissional, Trabalho
Sazonal e Emigração (mais de 100 mil pessoas emigraram no ultimo semestre), são
os factores mais significativos que estão a influenciar e a contribuir para uma
descida da taxa de desemprego na população.
As ações de formação e as medidas ativas de emprego, onde
se incluem os estágios profissionais, mantiveram “ocupados”, entre Janeiro e
Maio, mais de 170 mil desempregados, ou seja, um aumento de cerca de 75% em
comparação com o mesmo período do ano passado. São designados como ‘ocupados’,
porque estão integradas em programas de emprego ou formação profissional (ex:
Contrato emprego inserção, contrato emprego inserção +, estágios e formação
profissional), e não podem ser contabilizadas nos números do desemprego do
IEFP, IP, como também significam que não estão empregadas. Na verdade isto é um
mau sinal, o país não esta a recuperar do ponto de vista económico, senão
significaria a existência de um aumento da taxa de emprego.
Ou seja, os números de desemprego não são reais, já que o
número de pessoas desempregadas envolvidas em estágios ou formações
profissionais aumentou 115,3% em pouco mais de um ano.
Se não fosse graças à “engenharia estatística”
implementada pelo governo, a taxa de desemprego, que oficialmente se situa nos
13,9%, chegaria aos 18,0%.
Mas esta diminuição artificial está a ter custos
elevadíssimos para o bolso dos portugueses, já que segundo o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança, este tinha
destinado 225 milhões de euros para estágios profissionais (2014), tendo sido
já gastos até final de Maio 96 % desta verba, o que significa que esta
“engenharia estatística” esta a ter enormes custos para o Estado sem garantir
na realidade a criação de postos de trabalho, mas sim um patrocínio claro de
criação de trabalho precário por parte do Governo.
Em relação ao desemprego jovem e juvenil, não
existe criação de emprego que explique a redução do desemprego, como comprovam
os dados
-
Até 24 anos o desemprego reduziu 12 mil, mas o emprego apenas cresceu 2,5 mil.
-
Até aos 34 anos o desemprego reduziu 44 mil, e mais uma vez o desemprego só
cresceu 7,1 mil.
Logo, o emprego apenas explica 21% e e 16%
respectivamente da redução do desemprego.
Desta forma, afigura-se que apenas a Garantia
Jovem podem explicar este resultados. Garantia Jovem defendida pelo PS e pelo
S&D no parlamento europeu, e só tardiamente pelo Governo de Portugal
A maioria e o Governo podiam ter deixado os
programas de Miguel Relvas na gaveta e ter apostado há 2 anos na Garantia Jovem
proposta pelo PS, garantindo que milhares de jovens portugueses continuavam
hoje em Portugal e estavam a fazer formação, continuar os estudos ou a
trabalhar.
Apresentado em 22/6/2012 no parlamento[2] chega a ser chocante que o
porta voz do PSD fale de resultados espectaculares quando, mesmo num trimestre
em que a sazonalidade tem um forte peso (já o ano passado o desemprego tinha
recuado 7% no segundo trimestre face ao trimestre anterior) o desemprego atinja
729 mil portugueses e quando há 129 mil jovens sem emprego.
O desemprego só começará a cair de forma
sustentada quando houve crescimento económico, quando o Governo deixar de ter
discursos de auto-congratulação e assumir a opção pelo crescimento e o emprego.
Já sabemos que este não é o Governo para isso.
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