Os
deputados da maioria PSD/CDS, na AR, estão manietados pelo governo. A pedido
deste, os parlamentares de direita, elaboraram um pedido de “aclaração” ao
Tribunal Constitucional sobre o acórdão que obriga o governo a devolver aos
trabalhadores os rendimentos que cortara, à margem da lei.
Os
treze juízes concluíram pela nulidade das pretensões da maioria justificando,
em síntese, o seguinte: a decisão do
TC não enferma de qualquer obscuridade ou ambiguidade, não há qualquer vício ou
deficiência que suscite dúvidas e não cabe ao tribunal esclarecer outros órgãos
de soberania sobre o modo como devem exercer as suas competências nos
planos administrativo e legislativo.
Uma parte substantiva dos juízes, contra os quais
o governo se insurgiu, foi indicada, através da AR, pela própria maioria. Ora,
assim sendo, com esta unanimidade, o governo não têm legitimidade moral, nem
autoridade política para criticar os juízes.
Era o momento para o primeiro-ministro, num gesto
de grandeza intelectual, parar com uma deriva crítica que não o ilustra, nem
contribui para o respeito e normal funcionamento dos órgãos de soberania. O
governo atuou à margem da lei, não fez o trabalho de casa e dirigiu-se sempre
aos mesmos para intensificar os cortes e a austeridade.
O Presidente da República tem consciência da
situação, mas como o governo foi de “iniciativa presidencial”, passe a imagem,
também não revela grandeza de espírito que o inspire na decisão de respeitar e
fazer respeitar a Constituição.
Cavaco Silva já há muito que é presidente de
apenas uma débil parte dos portugueses, cada vez mais diminuta, diretamente
proporcional à queda consolidada da sua popularidade.
“Uma maioria, um governo e um Presidente” é uma
máxima que espelha o desejo de um poder absoluto sobre um povo que já não se
revê, nem no governo, nem no Presidente, e apenas espera o tempo institucional
para substituir ambos.
Os portugueses em geral, os trabalhadores,
reformados e pensionistas em particular, ganham consciência de que, afinal, o
Tribunal Constitucional é o legítimo guardião da Constituição e que esta é o
garante dos seus direitos, seja qual for o governo ou Presidente da República.
A decisão do TC foi uma nova derrota para o governo!
DV 2014-06-18
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