A Ordem dos Médicos tem medo que o país forme mais médicos. Tem mesmo receio que possam vir a existir "médicos a mais". No meu entender, esta preocupação não é altruísta para com o Estado. O que a Ordem quer é continuar a deter um poder excessivo numa sociedade democrática onde todos devem ter acesso facilitado ao SNS.
Com mais médicos há mais opção entre o público e o privado e há mais facilidade em, finalmente, separar as águas. Com mais médicos é mais difícil dificultar o acesso ao serviço público para obrigar a "opção" pela clínica privada. Com mais médicos não teremos concentração excessiva nas cidades e no litoral em detrimento do interior. Com mais médicos os futuros estudantes farão a opção mais pela vocação do que pelo rendimento. E quem é bom, em qualquer profissão, nunca tem problema.
A Ordem alega mesmo a possibilidade de desemprego futuro para os médicos, como se tal não se verificasse com enfermeiros, professores, arquitetos, engenheiros, os advogados ... Enfim, restringindo o acesso dos jovens aos cursos de medicina, mesmo cerceando vocações, há uma classe que defende, no fundo, que quantos menos melhor. Admito que isto possa não ter sentido nenhum, mas é o que eu penso.
"PROPOSTA DA
ORDEM - Licenciados fora de Medicina - Cursos Bastonários dos médicos
sugere suspensão dos 15% de vagas que são abertas para pessoas já com outras
licenciaturas
A Ordem dos
Médicos propôs ontem a suspensão dos 15%de vagas abertas nos cursos de Medicina
destinadas a já licenciados, como medida para travar o excesso de profissionais
que se prevê vir a existir no País. Durante uma audição na comissão parlamentar
de Saúde, o bastonário José Manuel Silva (foto) apresentou dados de um estudo
encomendado pela Ordem dos Médicos que estima que em 2025 possa haver até nove
mil médicos desempregados. Desse total, seis mil deles serão médicos
especialistas, com o bastonário a reiterar que se estão a formar em Portugal
médicos especialistas acima das necessidades.
O estudo,
que a Lusa noticiou em setembro, indica que em dezembro de 2011 se encontravam
afetos ao Serviço Nacional de Saúde, em Portugal Continental, 24 995 médicos,
58% do total de habilitados.
Para o bastonário, esta análise vem confirmar que
os numerus clausus (vagas para cada curso) das faculdades de Medicina estão
acima das necessidades. Por isso, sugeriu aos deputados que se suspendam os 15%
de vagas que são abertas para pessoas já com outras licenciaturas.
"O
Estado está a pagar dois cursos a uma pessoa enquanto alguns jovens não
conseguem aceder a um", referiu. Ainda sobre o excesso de profissionais
para que aponta o estudo, elaborado pela Universidade de Coimbra, o
representante dos médicos disse haver atualmente uma pressão desnecessária para
se aumentar a formação em Medicina Geral. De acordo com os dados revelados aos
deputados, com base na formação actual, haverá no futuro 1400 especialistas a
mais na medicina geral e familiar, uma especialidade que é considerada uma das
mais carenciadas.
Recusando
defender uma política baseada na emigração de profissionais formados em
Portugal, José Manuel Silva insistiu na necessidade de limitar as vagas nos
cursos de Medicina.
Outro dos temas destacados foi o novo regulamento para o
internato médico, que o bastonário considerou ter de aprovar de forma urgente.
Sobre este documento, José Manuel Silva propôs que se crie uma nota mínima de
acesso às vagas de especialidade no exame de seriação, para contrariar que
pessoas "sem as mínimas condições de virem a ser bons especialistas"
acedam a essas vagas.
"O Estado português não tem de andar a pagar uma especialidade a quem tem resultados catastróficos no exame de seriação", argumentou. Outra reivindicação do bastonário é a reintrodução do exame de equivalência, a realizar em universidades, para os candidatos ao exercício da profissão que vêm de fora da União Europeia."
"O Estado português não tem de andar a pagar uma especialidade a quem tem resultados catastróficos no exame de seriação", argumentou. Outra reivindicação do bastonário é a reintrodução do exame de equivalência, a realizar em universidades, para os candidatos ao exercício da profissão que vêm de fora da União Europeia."
Lusa
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