quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Artur Santos Silva - António Seguro: um líder que ganha eleições e a vitória de Rui Rio.

Resultados das autárquicasDeixa sequelas no PSD, porque um dos vencedores da noite é Rui Rio, mas farão sentir-se não no curto prazo mas no médio prazo. 
Enfraquece as condições políticas do governo, na dimensão de leitura nacional, mostrando quão errada foi a decisão do PR de não convocar eleições legislativas para o mesmo dia das autárquicas. Nenhum dos 3 partidos que subscreveram o memorando tem hoje condições para uma maioria absoluta e o país precisa de um entendimento; mas esse entendimento não pode ser protagonizado por Passos Coelho.
Houve uma vitória expressiva de AJSeguro, não vendo nenhum critério pelo qual possa ser negada: teve mais votos que a direita junta, mais presidências de câmara; perdeu terreno em relação ao PCP no Alentejo e no distrito de Setúbal, mas recuperou muito no terreno do PSD (urbano e suburbano, interior rural e regiões autónomas); tem 3 dos maiores concelhos e 12 dos 24 com mais habitantes. Perdeu várias capitais de distrito e recuperou outras, e a derrota no Porto é muito severa, mas nada disso retira o contorno nacional e a importância política da vitória do PS e do seu SG.
Há uma complexidade: o resultado de António Costa em Lisboa é absolutamente esmagador e teve um significado nacional, quer do ponto de vista local, quer do ponto de vista do significado nacional. A dimensão da sua vitória e o que representou de transversal, de capacidade de penetrar em outros eleitorados, aumenta a sua capacidade para ser parte de uma solução que permita robustecer a posição portuguesa, ou durante a programa cautelar ou na eventualidade de um segundo resgate.
Significa aumentar um pecúlio que ele já tinha, mas não de ruptura. E a vitória de AJSeguro  é uma viragem, sendo finalmente um líder que ganha eleições, passando a ser visto como potencial vencedor das próximas eleições (europeias e legislativas), o que é uma mudança qualitativa.
Houve város escoadores para o voto de protesto: o PCP, os independentes (também como voto de protesto de escolhas que pareceram ofensivas aos olhos dos eleitores ou de correcção de escolhas erradas das estruturas locais dos partidos - como é exemplo Matosinhos para o PS, ou Sintra e Portalegre para o PSD). A votação do PS significou outra coisa, que faz valer mais uma vez a sua capacidade e flexibilidade que resulta da sua posição central no sistema político português.
O BE é um dos maiores derrotados, sobretudo sujeitando o seu co-líder a uma eleição em Lisboa que falhou. Tem grande matéria para reflexão e tem um problema com o seu eleitorado, que não é o mesmo do PCP.
O CDS continua a ser um partido que vale muito pouco do ponto de vista autárquico. Melhorou relativamente e os conhecidos dotes criativos e representacionais do seu líder conseguiram transformar essa pequena melhoria numa grande vitória

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