sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pacheco Pereira: PR, um dos discursos que mais dividiu a AR...desvalorizou a política e a democracia

Discurso marca um antes e um depois da função presidencial de Cavaco e é um erro político. Não tem qualquer utilidade e é um dos discursos que mais dividiu a assembleia até hoje; a única razão porque o percebe, ou racionaliza, é partindo do princípio de que a crise política é muito maior do que pensamos e a desagregação interna do governo é muito maior do que imaginamos. A utilidade da sua função é ser pontífice, fazer pontes, o que fez foi cortar qualquer possibilidade de ser intermediário entre o governo e o PS.
O discurso é não só uma colagem substantiva ao governo, um apoio directo e claro ao balanço da acção governativa, como tem uma agravante: não se limita a enunciar a necessidade do consenso, como apresenta a questão usando um tom agressivo com o PS, quase como uma obrigação de assinatura por baixo na política do governo. Colocou-se como uma parte do processo conflitual e perdeu a capacidade de ser um instrumento de consenso.Só pode levar o PS a responder subindo o tom
Fez uma coisa ainda mais grave: desvalorizou a política e a democracia, apresentando a situação económica e financeira como tendo um único curso possível; o que fez foi dizer que 'sejam quais forem as circunstâncias, vocês estão condenados a uma única política', num discurso de inevitabilidade.
O PR faz isto porque há um processo claro de desagregação no interior do governo, mencionando Álvaro Santos Pereira ter dito que um seu colaborador (o SE Henrique Gomes) ter sido afastado e isso ter provocado abertura de garrafas de champanhe (em António Mexia); o próprio Henrique Gomes disse coisas gravíssimas, que o seu relatório sobre as rendas excessivas da EDP chegou ao gabinete do PM e uma hora depois chegou a Mexia, e dando como razões para o seu afastamento as pressões desses lóbis e as pressões das Finanças no sentido de garantir mais 250 milhões no processo de privatização. 
É um governo em que está um ministro que não se exime de manifestar que os lóbis estão presentes e que metade dos ministros está contra a outra (quando disse esperar que o plano de crescimento seja aplicado se os outros ministros forem capazes de o aplicar). Depois há um segundo aspecto, o CDS, que ainda não está resolvido.
A "vantagem" do PR hostilizar o PS é bater nos fracos, em vez de se pronunciar com clareza sobre o que se passa no governoO problema do consenso tem que ver com outra coisa, com as políticas; a grande contradição política que o governo não resolve é que o fundamental da sua acção é orientada para a continuidade da austeridade. Há também um problema de protagonistas: estas pessoas (governo) não são credíveis para virem falar de economia

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