domingo, 14 de abril de 2013

(I) - PS a votos - Seguro reeleito líder e numa nova era nas relações com Belém e São Bento

Seguro em Belém
Por Rita Tavares, publicado em 13 Abr 2013
Primeiro mandato começou calmo e terminou em censura, o que afastou Seguro de Cavaco. Socialistas reclamam iniciativa presidencial
António José Seguro sai deste fim-de- semana reeleito líder do PS. As directas não são tão disputadas como se chegou a esperar em Fevereiro - com o desafio ponderado por António Costa - e o actual líder seguirá mandato. A principal diferença nesta nova era de Seguro será nas relações institucionais. A moção de censura apresentada na semana passada consumou a ruptura com o governo e distanciou Seguro da linha de “entendimentos” de que o Presidente da República era o grande promotor.
Quando iniciou funções, em 2011, António José Seguro sentiu desde logo o peso de uma oposição interna muito marcada, composta pela ala socrática e outra corrente, mais à esquerda, sobretudo desconfortável com as aproximações ao governo. 
Manifestou-se de forma clara quando o PS decidiu votar a favor do Tratado Orçamental Europeu, pouco tempo depois da “abstenção violenta” no Orçamento do Estado para 2012. Preso ao Memorando da troika, a margem para fazer oposição esteve sempre encurtada e Seguro forçou agora a ruptura, insistindo na narrativa de que o PS tentou vários encontros de propostas com Passos Coelho e foi ignorado. Mas a ruptura arrastou um afastamento com Belém.
No sábado passado, depois da decisão do Tribunal Constitucional, Passos esteve com o Presidente e saiu confortado por uma declaração de legitimidade do governo. Cavaco também reforçou a necessidade de entendimento voltando, uma vez mais, a sublinhar que uma maioria absoluta não chega.
Directamente com o PS, Cavaco Silva não tentou nada e desta vez Seguro não tomará a iniciativa. “Ele pode e deve chamar o líder do PS”, diz ao i o vice da bancada parlamentar José Junqueiro, estranhando que Cavaco ainda não tenha feito nada neste sentido. “O Presidente está de mãos atadas. Criou este governo, decidiu enviar o Orçamento para o Constitucional e depois da decisão nada fez”, acrescenta.
Tal como o i noticiou no início desta semana, o chefe de Estado não tenciona tomar qualquer iniciativa - além de declarações pontuais - sobre esta ruptura política. Aliás, Cavaco Silva deixou bem claro o que pensa deste afastamento quando, já com a moção de censura anunciada e na véspera da sua apresentação, repudiou “jogos partidários”.
Até agora, os encontros públicos entre Presidente e líder da oposição foram sempre pedidos por Seguro. Mas agora, no PS, reclama-se acção do Presidente.Em entrevista ao i, nesta edição, Mário Soares é uma das vozes que o pedem, se bem que o ex-Presidente defenda uma acção ainda mais profunda: um governo de iniciativa presidencial. Coisa repudiada por Seguro, que só admite lá chegar com eleições.
Com Passos, os encontros institucionais eclipsaram-se desde Novembro passado. O último que aconteceu já foi duro, com a reforma do Estado na agenda e depois de o líder do PS ter enviado uma carta a Passos. O afastamento começou precisamente com esse tema.
Mas há uma peça no governo cuja intervenção o PS tem registado, sobretudo no parlamento, nos últimos tempos: a do CDS, parceiro de Passos na coligação.Ainda no debate da moção de censura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, disse que “quer o governo quer o PS têm a essencial responsabilidade de contribuir para o interesse nacional e para o bem do país”, criticando a “crispação política” actual. E antes disto o mesmo Portas já tinha aberto a porta a ponderar algumas das propostas do PS, mas Passos fechou-a.


Sem comentários:

Enviar um comentário