sábado, 16 de março de 2013

(Opinião DB) Quando se perde a razão, surge a irritação


Todos os indicadores, nacionais e internacionais, demonstram que passados dois anos de governação PSD/CDS Portugal está pior e não melhor. Os maus resultados foram sempre uma constante. Se, no início, tudo era atirado para cima do governo anterior, sempre com o rótulo de que a crise era portuguesa e socialista, hoje as pessoas  sabem que não é assim.
Todos já percebemos, porque o tempo é bom conselheiro, que a crise teve a sua origem no outro lado do Atlântico, na especulação dos mercados internacionais, na desregulação e nessa avidez sem alma de procurar o lucro pelo lucro.
A Europa, quase totalmente de direita, aderiu a essa pornografia financeira e manteve o silêncio sobre a circulação de dinheiro digital que não correspondia a bens materiais. Tudo era fácil, até mesmo fechar os olhos à “Dona Branca de Babel”. Um dia o desastre aconteceu.
Todos temos conhecimento de que, neste contexto, o núcleo duro europeu, que só fala alemão, deu orientações para forçar o investimento público, apesar do aumento dos défices da generalidade dos países europeus. Também fechava os olhos a isso para evitar o ciclo depressivo.
E não só não conseguiu como mandou travar a fundo o investimento público. E não só fez isso, como exigiu a correção imediata dos défices, custasse o que custasse. E essa atitude explica bem o porquê dos países caírem uns atrás dos outros, como se de um dominó se tratasse.
O PSD e o CDS, tal como a esquerda mais radical, sabiam bem que estavam a enganar a opinião pública e agora é só ouvi-los dizer, aos do governo, que a crise é internacional, que cá dentro fazem tudo bem, mas que dependem, em tudo, do que se passa lá fora.
O problema é que cá dentro não está tudo bem. Pelo contrário, corre tudo mal. Tudo é feito à custa do empobrecimento das famílias e da insolvência das empresas. Só houve dinheiro para a banca e nunca para financiar a tesouraria das empresas e a internacionalização da economia. Não houve tão pouco bom senso para admitir que austeridade sobre austeridade, sem financiamento da economia, dá apenas mais pobreza.
O corte de 4mil milhões que se aproxima motivou a irritação do primeiro-ministro na Assembleia da República, com a própria Presidente, do seu partido. É que todos lhe pediam respostas sobre o corte anunciado e Passos Coelho entupiu, não respondeu.
O primeiro-ministro, transformando-se em “prima-dona”, tentou disfarçar o facto de não ter respondido às perguntas de António Seguro e da oposição sobre o corte de 4 mil milhõesq, negociado secretamente, em setembro, nas costas de todos os portugueses, com a intenção de, uma vez mais, lhes meter a mão no bolso. Tratou-se de um clássicoQuando se perde a razão surge a irritação.

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