segunda-feira, 5 de novembro de 2012

HENRIQUE MONTEIRO - Ferreira Leite, a democracia e Rosseau


Síntese - Henrique Monteiro ..."MAS SE É VERDADE QUE FERREIRA LEITE AFIRMOU o que as notícias dizem, é curioso verificar como as notícias omitem o que, tanto ela como os outros participantes (Mota Amaral, o professor de História Amadeu Carvalho Homem e o professor de Filosofia Diogo Pires Aurélio) sublinharam: que o Estado está capturado por poderosas corporações que impedem o seu fim mais elevado: a Justiça e a Equidade. E que a democracia, afinal, como dizia CHURCHILL é "O PIOR DOS REGIMES, EXCETUANDO TODOS OS OUTRO".

Henrique Monteiro (www.expresso.pt) - "Uma declaração de Manuela Ferreira Leite sobre a impossibilidade de, em democracia, se resolverem problemas complexos tem tido grande destaque no noticiário. Acontece que essa declaração foi feita a meu lado, quando moderava um debate sobre democracia e sistemas políticos que evocava o tricentenário de Jean-Jacques Rosseau e os 250 anos da sua obra Do Contrato Social.
O próprio Rosseau, socorrendo-se do exemplo da República Romana, defendeu que, em situações excecionais, se poderia governar em ditadura, mas nunca por mais de seis meses. Algo que a ex-líder do PSD já afirmara há cerca de três anos. Mas se é verdade que Ferreira Leite afirmou o que as notícias dizem, é curioso verificar como as notícias omitem o que, tanto ela como os outros participantes (Mota Amaral, o professor de História Amadeu Carvalho Homem e o professor de Filosofia Diogo Pires Aurélio) sublinharam: que o Estado está capturado por poderosas corporações que impedem o seu fim mais elevado: a Justiça e a Equidade. E que a democracia, afinal, como dizia Churchill é "o pior dos regimes, excetuando todos os outros".
Não vejam aqui uma crítica aos jornalistas presentes e muito menos aos editores dos jornais. Esta é apenas mais uma prova do primeiro tema debatido ontem, em Coimbra, na conferência organizada pela Câmara Municipal e pela Fundação Bissaya Barreto: o tempo instantâneo, a necessidade de tudo dizer em duas palavras ou em três linhas, são, ao fim e ao cabo, grandes inimigos de uma arquitetura política construída para um tempo diferente. Um tempo em que havia a possibilidade de ponderar, em que não havia o direto das televisões, o instantâneo da Internet e a pressão mediática que há hoje.
O que hoje discutimos, mesmo a falar de Rosseau, são meras simplificações dos problemas enormes que temos pela frente."

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